Alguns antibióticos, como a azitromicina, têm sido usados como medicamentos para tratar a covid-19. Normalmente, o uso está associado a outro medicamento, sendo a cloroquina a mais procurada pelos brasileiros. O problema é que o uso recorrente de antibióticos para tratar a infecção do coronavírus pode trazer outras consequências negativas para o paciente. Isso porque certas doenças e micro-organismos estão se mostrando fortes e hábeis em driblar esses medicamentos.
E como consequência, muitos problemas comuns de saúde, como pneumonia e infecção urinária, já têm seus tratamentos dificultados por conta da resistência. Há também condições de saúde mais graves afetadas pelo problema, como a tuberculose multirresistente. De acordo com o epidemiologista e professor da Faculdade São Leopoldo Mandic, André Ribas Freitas, o uso exagerado de antibióticos pode fortalecer essas bactérias e tornar o tratamento de outras doenças mais complicado. “O que acontece é que o uso indiscriminado da azitromicina, bem como de outros antibióticos, podem acabar selecionando linhagens de outras bactérias que sejam resistentes a esses antibióticos”, explica.
Deste modo, uma grande preocupação da Organização Mundial de Saúde está relacionada à consequência que o uso desse tipo de medicamento vai trazer no futuro. Em maio, a OMS publicou um guia para tratamento de covid-19 que, entre outros pontos, recomendou expressamente a não utilização dos antibióticos no tratamento da nova doença em casos suspeitos ou leves.
