Ele não tocava nenhum instrumento e cantar era apenas um hobby. Mesmo assim, Lupicínio Rodrigues é um dos nomes mais importantes na história da música brasileira. As composições do gaúcho nascido em 1914, e também chamado de Lupi, marcaram o século passado e são constantemente regravadas. È difícil encontrar um compositor que tenha tido tamanha sensibilidade para abordar as desilusões amorosas, soar dramático, mas não parecer piegas. Os versos criados por Lupicínio Rodrigues encontraram a medida certa para falar dos sentimentos que envolvem um relacionamento. Traição, carinho, sofrimento, paixão e vingança. Não é a toa que a dor de cotovelo, expressão usada para identificar a pessoa que passa horas apoiada no balcão de bar afogando as mágoas, se encaixou perfeitamente na obra dele.
Numa época em que o eixo Rio – São Paulo era ainda mais impostante para que um artista consegue projeção, Lupicínio Rodrigues foi sucesso sem precisar deixar por muito Porto Alegre. As visitas dele a região sudeste eram esporádicas e duravam pouco tempo. Ele logo voltava a sua terra natal para cuidar dos negócios. Foi dono de várias churrascarias e nesses locais costumava juntar duas paixões : música e boemia, atividades que o acompanharam desde muito jovem e que chegaram a preocupar o pai. E foi o Sr Francisco que apresentou Lupicínio como voluntário do exército aos 15 anos, juntamente para evitar que o filho ficasse na noite. Durante o serviço militar a música foi uma companheira constante, pois cantava em um grupo formado por colegas de farda.
Depois de ter feito sambas e marchas na adolescência, vieram as mulheres que transformaram Lupicínio num poeta dos amores mal resolvidos. Iná foi uma paixão da juventude que inspirou versos carregados de mágoa, O namoro de muitos anos acabou porque ela e a família não aceitava o estilo de vida boêmio. Com Juraci ele teve uma filha, mas só se casou para regularizar a situação da criança, pedido feito pela própria Juraci quando já estava para morrer. A menina foi adota por Cerenita , segunda esposa de Lupicínio e mãe do segundo filho . Amores oficiais ou não, todos serviram de inspiração para as letras de Lupi.
Ainda criança, Lupicínio Rodrigues já tinha o costume de ficar cantarolando, mas as aulas de música no colégio dos Irmãos maristas aguçaram o interesse pelas melodias. O período foi tão importante que ele nunca esqueceu dos professores Alfredo Stanislau a música passou a ser um divertimento tão bom quanto o futebol. Falando no esporte, Lupicínio foi eternizado na galeria do Grêmio ao escrever o hino do clube de coração. E se algum dia houver uma galeria com os grandes compositores do Pais, o lugar dele este garantido com mais de 150 obras catalogadas.
Entre as versões que explicam como a oba de Lupicínio Rodrigues chegou até a região sudeste do Pais, existe uma romântica e outra profissional. A primeira é que marinheiros escutavam as músicas na região portuária da Capital Gaúcha e depois cantavam nos bares e boates do Rio de Janeiro. A segunda envolve o músico Felisberto Martins, que é parceiro de Lupicínio Rodrigues em várias composições. Ele trabalhou como diretor artístico na gravadora Odeon no Rio de Janeiro e sugeria aos artistas as músicas do colega gaúcho. O próprio Lupicínio das visitas a cidade maravilhosa mostrou algumas criações ao cantar Francisco Alves, que na hora percebeu a qualidade e quis gravá-las. Logo depois dezenas de intérpretes passaram a incluí-las nos repertórios.
Em 1973, um ano antes de morrer, Lupicínio Rodrigues de uma entrevista a TV Cultura, nesse programa ele cantou e explicou de onde veio a inspiração para muitas de suas composições.
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Apresentação
Robson Santos
Produção
Walmir Bortoletto
Edição
Paulo Girardi