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Semana dos Povos Indígenas expõe desinteresse e preconceito

Foto: Reprodução/Redes sociais

Para a especialista em cultura indígena e membro-fundadora do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas no Estado de São Paulo, Cristine Takuá, o Dia do Índio e a Semana dos Povos Indígenas, comemorados neste mês de abril, comprovam que a abordagem da temática é superficial nas escolas do País.

Apesar da Lei 11.645, que inclui no currículo oficial da rede de ensino as histórias e culturas afro-brasileira e indígena nas diretrizes e bases da educação nacional, Takuá entende que falta interesse por parte dos educadores para a ampliação e a adoção de conteúdos interdisciplinares em sala de aula.

Na opinião dela, a falta de profundidade e de pesquisa é ainda pior quando se soma à reprodução de interpretações sobre os povos originários nos mesmos moldes de décadas anteriores. O resultado disso é a perpetuação do preconceito sobre as identidades de mais de 300 povos e 270 línguas em todo o Brasil.

“Porque hoje nós temos as redes que facilitam o acesso ao conhecimento. Há o audiovisual e o cinema indígenas e a crescente da literatura e dos escritores indígenas. Então, há possibilidade das escolas serem fontes de pesquisa, mas há um repetição dos moldes. E isso gera muito preconceito”, diz a especialista.

Ao ser questionada sobre os motivos que tornam o desinteresse e o desconhecimento das questões e culturas indígenas tão onipresentes na realidade da educação de base brasileira, Cristine Takuá é categórica e diz entender que a visão dos próprios profissionais é reproduzida durante as aulas.

O problema, segundo ela, é visto no meio acadêmico e nas próprias formações dentro das universidades. Para exemplificar o argumento, ela cita a própria experiência na Unesp para defender que o conhecimento tende a ser eurocêntrico e sem espaço para debater e aprofundar outras epistemologias.

Mas Takuá pondera, entende que o panorama tem mudado por conta das iniciativas de alguns núcleos e acredita que o maior espaço na internet também pode transformar a visão da sociedade sobre os modos de vida, o passado, o presente e também a noção sobre a sustentabilidade e o meio ambiente.

“Eu digo isso porque eu estudei Filosofia na Universidade Estadual Paulista e o conhecimento trazido é o europeu. Em praticamente todas as áreas a base de pesquisa é eurocêntrica. Então, há uma necessidade de mudar o foco, embora algumas faculdades já busquem abordar questões indígenas”, afirma ela.

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