O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação apresentou os resultados de uma análise que reforça o alerta do relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, que mostra que mais de 55% da população ou 116 milhões de brasileiros enfrentaram algum grau de insegurança alimentar no último trimestre de 2020. Esses dados recolocam o país de volta ao Mapa da Fome da ONU, do qual havia saído em 2014. O indicador é quase 20 pontos percentuais maior do que o registrado na última pesquisa de orçamentos familiares do IBGE. Em 2017 e 2018, 36,7% da população enfrentava algum grau de insegurança alimentar.
Para o professor Dag Mendonça Lima, o impacto da pandemia em famílias mais vulneráveis foi avassalador. Ele afirma que tudo o que vem acontecendo desde o ano passado dificulta no acesso dos alimentos. “A pandemia impactou muito na qualidade, na disparidade do acesso aos alimentos. Porque quando eu mexo com renda, com trabalho ou política pública, eu impacto sensivelmente os mais vulneráveis. E a pandemia tem gênero, tem cor e tem endereço. São famílias chefiadas por mulheres, pretas e pardas, periféricas, sem acesso à educação, sem renda e sem trabalho”, explica.
O melhor resultado no acesso à alimentação estável e saudável no país foi alcançado em 2013, quando 22,56% dos brasileiros tinham algum grau de insegurança alimentar. Em 2009, essa fatia representava 30,2% da população.