A falta de chuva na região sudeste do Brasil pode trazer consequências graves para o fornecimento de energia, que já está mais caro. O momento remete à crise energética de 2001, que teve blecautes programados pelo governo para evitar o colapso no sistema. E isso requer atenção, já que há uma expectativa grande em relação à economia, que deve dar sinais de recuperação a partir do segundo semestre, com o avanço da vacinação contra a covid-19.
A situação dos reservatórios de água no sudeste brasileiro preocupa. O professor do mestrado em sustentabilidade da PUC-Campinas, Duarcides Ferreira Mariosa, afirma que atualmente o consumo de água nos grandes centros urbanos está maior do que a capacidade de reposição natural dos reservatórios. Segundo ele, isso coloca o estado de São Paulo em uma situação preocupante, já que a população convive com um volume de água abaixo do necessário. “Nós estamos vivendo com algo em torno de 1/3 do que seria necessário. Essas águas então são necessárias, não só para o consumo humano, mas também para a agricultura e a geração de energia. E o problema que estamos tendo em relação a isso, significa que a água que está nos reservatórios, por conta do consumo dos centros urbanos e aquilo que é capaz da natureza gerar, está tendo um descompasso”, explica.
O professor Duarcides Ferreira Mariosa disse ainda que as opções das usinas são limitadas e que, para garantir o abastecimento da população, é preciso buscar forma de produção de energia mais caras. E esse preço, de acordo com ele, é pago pelo consumidor. “Ao diminuir o nível dos reservatórios, as usinas têm duas opções: ou elas represam a água e diminuem o que vai para o abastecimento, ou elas liberam o abastecimento e diminuem a capacidade de energia que elas podem gerar. Aí, elas utilizam de outras fontes para complementar a geração de energia. E que fontes são essas? São as usinas termelétricas ou aquelas com base em combustível fóssil, que são mais caras e precisa repassar esse valor para as tarifas”, afirma.
Desde o começo de junho as tarifas de energia indicam a bandeira vermelha patamar 2, com custo adicional de R$ 6,24 a cada 100 kilowatt-hora consumidos. Em maio, os consumidores contaram com a bandeira vermelha patamar 1, com adicional de R$ 4,16/100 kWh. Por quatro meses seguidos, entre janeiro e abril, a bandeira tarifária foi amarela, com adicional de R$ 1,34/100 kWh.