Atletas da região representam o Brasil nas Olimpíadas

A Olimpíada de Tóquio 2020 está agendada para os dias 23 de julho a 8 de agosto desse ano, após adiamento devido a pandemia do coronavírus. O Brasil vai ter representantes de Campinas e outras cidades da região na disputa internacional. O ginasta Diogo Soares, de Piracicaba, tem 19 anos e vai atuar na ginástica artística.
Foto: Divulgação

A Olimpíada de Tóquio 2020 está agendada para os dias 23 de julho a 8 de agosto desse ano, após adiamento devido a pandemia do coronavírus. O Brasil vai ter representantes de Campinas e outras cidades da região na disputa internacional.

O ginasta Diogo Soares, de Piracicaba, tem 19 anos e vai atuar na ginástica artística. O atleta começou a praticar a modalidade com quatro anos e com o tempo foi se aperfeiçoando.

Ele participou das Olimpíadas da Juventude em 2018 e ficou em terceiro lugar. A classificação para os Jogos veio depois da medalha de bronze no Pan-Americano do Rio de Janeiro, no início de junho. O atleta até sonhou com esse momento de convocação. Essa será a primeira Olimpíada da carreira.

“Eu estou lidando como se fosse uma competição normal, porque na verdade é uma competição normal, só que com patamar de atletas muito maior, pois são os melhores do mundo. Primeiramente fico muito feliz de estar participando de um campeonato tão importante desse, era o meu sonho participar de Jogos Olímpicos e eu vou lá fazer o que eu tenho que fazer, vou fazer as minhas séries…”

Márcio Teles tem 27 anos e é carioca, mas mora em Campinas desde 2014 e faz parte da equipe de velocistas da ORCAMPI, que treina no Centro de Alto Rendimento da cidade.

Devido a pandemia todos os atletas tiveram dificuldades para se preparar e, no caso do Márcio, o gramado em frente a casa onde mora foi a pista de treinamento.

Márcio já disputou as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e está muito animado para atuar em Tóquio.

“Minha expectativa é chegar na final, correr minha melhor marca, me sentir bem e fazer uma prova muito diferente da que eu fiz no Rio de Janeiro.”

Companheira de time, Tiffani Marinho tem 22 anos, também é carioca e foi convocada no início de julho para representar o Brasil no atletismo. Ela é a primeira atleta do ranking mundial no número de pontos nos 400 metros. Ela já disputou campeonatos mundiais e essa será a primeira Olimpíada da carreira.

“É o sonho de qualquer atleta estar nas Olimpíadas e esse ano eu estou conseguindo realizar esse sonho. Eu lembro quando eu falava sobre isso ainda… para mim está sendo muito importante, estou muito feliz com a conquista, é uma sensação fora do normal. Eu já chorei, já falei ‘não, não vou chorar, vou ficar bem, para cima, comemorar…’”

Agora de Americana, temos um representante da cidade na natação. Murilo Sartori, de apenas 19 anos, se classificou para as Olimpíadas e vai disputar o 4×200 metros livres.

A vaga foi garantida após a medalha de bronze nos 200 metros livres na seletiva realizada no Rio de Janeiro, em abril desse ano.

Além de conseguir a oportunidade, o atleta estabeleceu o novo recorde pessoal, com 1 minuto 47 segundos e 33 centésimos.

“Foi muito bom conquistar essa vaga e ainda vindo com o meu melhor tempo da vida, fico muito feliz, acho que isso é muito importante para mim, muito expressivo, estar em uma Olimpíada com 19 anos, ser o homem mais novo dessa Seleção então acho que isso só tende a trazer mais experiência, aprendizado, para que no futuro eu possa ainda mais crescer e evoluir como nadador.”

Outro atleta é Eduardo de Deus, que tem 25 anos, é natural de Campinas, do Bairro Jardim do Lago 2, e que mora em São Paulo há 9 anos.

Eduardo compete nas provas de corrida e entrou para esse mundo do esporte após a professora de educação física da escola levar os alunos para conhecer o Centro de Alto Rendimento de Campinas.

Dentre os diferentes títulos, como campeão Sul-Americano em 2017 e Pan-Americano em 2019, Eduardo foi campeão em uma competição internacional na Suíça há 2 anos e nela bateu o recorde na prova. Com 13 segundos e 30 milésimos, atingiu o índice olímpico e garantiu a vaga para Tóquio 2020.

“Parece que a minha ficha ainda não caiu, mas estou muito bem preparado, estou treinando forte e a minha expectativa é muito boa. Confesso que estou um pouco ansioso para que chegue logo e que eu faça boas participações nesse campeonato internacional. Estou confiante e quero chegar na final, brigar por uma medalha.”

Além dos Jogos Olímpicos, há também os Jogos Paralímpicos aos atletas com deficiência. Essa competição vai ser realizada entre 24 de agosto e 5 de setembro.

Luiz Filipe Manara é natural de Mogi Mirim, possui paralisia cerebral de nível médio e representa a cidade de Piracicaba desde 2015.

O atleta de tênis de mesa já participou do Rio 2016 e está animado para Tóquio 2020.

“Eu não sou um atleta nem muito otimista, nem pessimista, eu trabalho com o realismo e sei a dificuldade na minha categoria de eu buscar uma medalha, mas eu estou muito focado na questão do desempenho nos Jogos, eu quero desempenhar da melhor forma possível, conseguir fazer tudo aquilo que eu estou trabalhando, colocar em prática e tendo as chances pensar jogo a jogo, rodada a rodada e quem sabe ter a possibilidade de brigar por uma medalha, estar da melhor forma.”

Com certeza a Olimpíada é uma grande oportunidade para todos atletas representarem o Brasil e crescerem como profissionais. No entanto, o caminho para chegar lá é bem longo e possui diversas dificuldades.

André Heller, campeão olímpico com a Seleção Brasileira de Vôlei, afirma que o Brasil precisa mudar a cultura esportiva para poder evoluir.

“O esporte no nosso país ainda é subutilizado. A maioria dos atletas só recebe incentivo real quando já obtiveram resultados importantes e relevantes. Nós temos que mudar essa cultura esportiva no Brasil, a final de contas o esporte no nosso país deve ser muito mais do que a conquista de medalhas, ele deve ser entendido como educação.”

Luiz Filipe Manara, atleta do tênis de mesa, concorda com a falta de incentivo e comenta também sobre a diferença entre o futebol e as outras modalidades, como é grande a disparidade e visibilidade entre esses esportes.

“Todo esporte paralímpico busca o seu espaço e é difícil competir com os esportes “maiores”, como no nosso caso o futebol, e você vê a disparidade que tem do futebol para o resto. Imagina quando você fala da realidade de um atleta paralímpico, mas eu acho que é buscar espaço e da forma mais honesta possível.”

Márcio Teles, velocista do Brasil, complementa que as escolas têm uma grande importância na construção de atletas e incentivo ao esporte.

“Eu sinto muita falta de olimpíadas escolares, do apoio na escola de uma criança poder saber o que é o esporte e não só o futebol. Triste quando eu ouço alguém falar assim ‘não deu certo com o futebol vai para o atletismo, basquete, handebol…’. Isso é até um apelo que eu faço para as escolas, procura mais o esporte. Não é simplesmente na aula de educação física soltar uma bola de futebol no meio da quadra e ‘toma, isso é educação física’. Não, gente. O meu apelo é mais para as crianças saberem o que é o esporte, querer, se interessar.”

Apesar de todos os desafios, como falta de incentivo, patrocínio, local adequado para treinos e outras questões, o atleta que se dedica e faz tudo com amor consegue superar as dificuldades e bater suas metas. André Heller é um exemplo.

“A sensação de ser campeão olímpico até hoje eu não consigo descrever precisamente. É uma sensação de realização muito poderosa, mas também difícil de descrever em palavras. O que eu posso dizer é que a medalha olímpica é o símbolo máximo de que tudo é possível quando há dedicação, amor e capacitação envolvidos.”

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