Campinas registrou 1.261 denúncias de violações de Direitos Humanos apenas entre janeiro e junho desse ano.
De acordo com os dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, após relatório divulgado à CBN Campinas com base na Lei de Acesso à Informação, os registros correspondem a mais de 4.700 tipos de violações com origem no município, sendo que uma mesma queixa pode ser classificada em diferentes categorias.
Na lista de denúncias, problemas contra crianças e adolescentes são os que possuem maior número: 564. Em segundo lugar vem os idosos, sendo 289 queixas, e em terceiro a violência doméstica e familiar contra a mulher, que soma 217 denúncias.
Os dados apontam expressivo crescimento em relação às pessoas com deficiências. Até junho foram registrados 32 casos, sendo que em todo o ano de 2020 houve 35 ocorrências.
Para Paulo Renato Guimarães, diretor do Departamento de Gestão da Política dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Campinas, o isolamento e outras questões causadas pela pandemia estão diretamente relacionadas aos números registrados.
“Reflete sim. A questão do aumento da violência contra as pessoas com deficiência foi agravada pela pandemia, as pessoas passam mais tempo dentro de casa e isso acaba fragilizando alguns laços, vínculos, principalmente quando a permanência dentro de casa é causada por um desemprego, falta de renda, então isso acaba infelizmente estimulando mais a questão da violência e ela vem em todos os âmbitos: crianças, idosos, pessoas com deficiência, mulheres…”
Outro fator é que as pessoas estão mais tempo dentro de casa e por isso observam situações entre vizinhos ou familiares. Ao notar algo estranho, é necessário fazer a denúncia para que as autoridades possam verificar os casos. Essa atitude pode auxiliar na prevenção.
O diretor explica como deve ser feita a denúncia.
“Qualquer tipo de situação estranha que remeta a questão de violência pode ser denunciada. O melhor caminho para se denunciar é o disque 100, porque se você vai para o Conselho, como eu disse o Conselho não tem uma equipe que atua, que registra, então passa para nós aqui. O que vem de denúncia do disque 100 cai em Brasília, Brasília registra esses números, acaba tendo uma rastreabilidade sobre isso e encaminha para o CRPD fazer a atuação.”
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas devido a pandemia, queixas sobre posturas inadequadas nunca devem ser justificáveis.
Maria Angélica Batista, Coordenadora Geral da Proteção Social Especial da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, afirma que combater a violência e denunciar os casos é obrigação de todos, principalmente com crianças e adolescentes, o grupo mais atingido.
“A sociedade está mais consciente em relação as denúncias na medida em que tem mais informações sobre o assunto. É dever do Estado, da sociedade, das famílias zelar pelos direitos da criança e do adolescente.”