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Falta de estrutura prejudica dados sobre vacinas

Foto: Danilo Braga

O professor titular do Instituto de Química e membro da Força-Tarefa da Unicamp no combate à covid-19, Luiz Carlos Dias, alerta que a maior parte das prefeituras do País não possui infraestrutura adequada para registrar e compilar os dados sobre a imunização em tempo real.

Segundo o especialista, a informação veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo de que 1.532 cidades teriam aplicado vacinas da AstraZeneca vencidas se explica por erros no controle dos dados e pela falta de registro adequado dos lotes distribuídos e usados por estados e municípios.

Como a maioria das cidades citadas na reportagem negou o problema, o professor ressalta que os detalhes colhidos com base no cruzamento entre os dados do DataSUS e do Sistema de Apoio de Gestão Estratégica, o Sage, indicam que o problema seja, na verdade, na compilação.

“Se trata de um problema de notificação. Ou seja, as vacinas foram aplicadas na data correta e dentro do prazo de validade, mas os dados foram inseridos posteriormente no sistema. Algumas prefeituras, inclusive, introduziram esses dados muito depois da data de aplicação”, diz.

Entre as prefeituras que negaram a aplicação de doses vencidas, estão municípios da região metropolitana, como Campinas, Indaiatuba e Vinhedo. A primeira alegou que houve erro no momento do registro. As demais defenderam que todas as vacinas foram aplicadas no prazo.

Ainda assim, outras cidades identificaram a vacinação fora do prazo. Foi o caso de Águas de Lindóia, que faz parte do Departamento Regional de Saúde 7, o DRS-7, sediado em Campinas. Conforme a administração, foram 22 doses da AstraZeneca aplicadas um dia após o vencimento.

Questionado sobre a situação, o professor e membro da Força-Tarefa da Unicamp no combate à covid-19, Luiz Carlos Dias, categoriza o problema como erro vacinal, o que indica que a dose não pode ser considerada válida e que a pessoa que a recebeu tem direito a uma nova aplicação.

“O Ministério da Saúde, inclusive, informou que todas as doses são enviadas dentro do prazo, mas que, caso ocorra a aplicação fora do período, a dose não é considerada válida e diz que as pessoas que receberam precisam de uma nova aplicação em até 28 dias após a dose vencida”, explica.

Luiz Carlos Dias esclarece ainda que as vacinas atuais contra a covid-19 possuem prazos subestimados, já que são imunizantes novos desenvolvidos durante a pandemia. Com isso, rechaça qualquer chance de problema de saúde no paciente que a recebeu após a data de vencimento.

Sobre a eficácia e o padrão de qualidade das doses vencidas, Dias pontua que não há ainda qualquer estudo ou conclusão sobre isso. Porém, entende que dificilmente o imunizante perde a integridade em questão de horas, ou dias e que isso possivelmente ocorre depois de meses.

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