Mesmo com o nível do Sistema Cantareira perto dos 40% dois meses antes do fim da estiagem, o professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, Antonio Carlos Zuffo, quer esperar o verão e não vê chances de uma nova crise hídrica.
De acordo com o especialista, não há motivo para alarmismo porque existe a possibilidade de precipitações capazes de recuperar os reservatórios e evitar um panorama semelhante ao de 2014, quando o volume morto das reservas precisou ser usado para abastecer a região metropolitana.
“Precisamos ver o próximo ano, porque existe sempre uma recomposição dos volumes durante a primavera e o verão. No verão passado, a recuperação foi tímida, de 21%, mas em 2015 saiu de -22% e foi pra 60%. Houve 82% de recuperação do sistema em um único verão”, explica Zuffo.
Antes da crise hídrica, em julho de 2013, o Sistema Cantareira tinha níveis melhores do que os atuais, entre 50% e 60%. Questionado se isso indicaria uma visão pessimista sobre os próximos anos, o professor preferiu citar 2001, também em julho, quando o volume estava abaixo dos 30%.
Perguntado se os problemas de cerca de oito anos atrás servem de paralelo, ou de exemplo atualmente para estudiosos e, principalmente, autoridades, Zuffo entende que a mudança de banco de águas para faixas de alerta também deve contribuir para evitar um novo período de restrições.
“Em 2014 tivemos a crise porque utilizávamos um banco de águas. E, quando entramos naquele ano com os reservatórios em níveis baixos, foi retirado mais do que era outorgado justamente por conta do saldo do banco de águas. Isso acelerou o esvaziamento. Não temos mais esse instrumento”, diz.
Com isso, se os níveis dos reservatórios ficarem abaixo dos 40%, o sistema entra na chamada faixa de restrição. Por esse motivo, para os próximos anos, obras como as barragens de Pedreira e Amparo são bem vistas por Zuffo, que vê as soluções como aumento da segurança hídrica.