Dados apontam que cidades do interior de São Paulo possuem mais moradores habilitados do que na capital. O município possui 12,4 milhões habitantes e 6,2 milhões CNHs, as Carteiras Nacionais de Habilitação. Isso corresponde a 50% da população total de São Paulo. No caso de Campinas, 63% de 1,2 milhão moradores são habilitados, o que representa 776.691 condutores na cidade.
Após análise dos dados do Detran São Paulo de julho deste ano, Thiago Amin, arquiteto e professor de Planejamento Urbano da PUC-Campinas, explica o motivo do interior registrar mais carteiras de motorista: “A grande maioria das cidades do interior são cidades espalhadas, fragmentadas, que se diluem no território, se mistura com área rural e isso vai gerando uma cidade com uma densidade populacional muito baixa, a rede de transportes se torna altamente deficitária, porque você tem pouca gente para carregar as estações. Existe um problema de origem. Realmente existe uma dificuldade de acesso ao transporte público, mas isso não se deve apenas por uma decisão política. A gente tem uma situação muito mais de origem, do jeito que a cidade se formou e que torna a implantação de um transporte de alta capacidade, confiável, muito mais difícil”, explicou.
Por outro lado, o município de São Paulo possui desenvolvimento urbano e grande densidade populacional. Esses fatores viabilizam o uso de transportes públicos como ônibus, trens e metrôs.
O especialista aponta que é necessário um bom planejamento urbano a longo prazo, por parte dos políticos, para que as cidades sejam mais organizadas e proporcionem facilidades aos moradores, como linhas de ônibus acessíveis: “Eu acho que a gente tem um conflito permanente entre uma política de curto prazo e longo prazo. Você tem a ideia de que novos empreendimentos, loteamentos na área urbana são empreendimentos que vão gerar renda, trabalho, arrecadação e tem uma série de vantagens econômicas de curto prazo, mas as desvantagens de longo prazo… você cria uma cidade muito cara, muito difícil de operar”, comentou.
