De janeiro a 15 de setembro deste ano, o Centro de Referência e Apoio à Mulher (CEAMO) recebeu 360 boletins de ocorrência com medidas protetivas enviados pelas delegacias especializadas da cidade. São 40 casos de violência doméstica cometidos contra mulheres, por mês, mais de um por dia.
Outro número que aponta para a gravidade da situação é a superlotação da casa que acolhe as vítimas e seus filhos. Em agosto, o abrigo SARA-M que tem capacidade para acolher 15 pessoas, recebeu 20, entre mulheres, crianças e adolescentes. Nos nove primeiros meses de 2021 foram 41 mulheres acolhidas no total.
As informações foram apresentadas na última reunião da Comissão Permanente da Mulher, da Câmara de Vereadores de Campinas, na quinta-feira, dia 16. Para Paula Anôeloni, Coordenadora de Políticas Públicas para Mulher da Prefeitura, a superlotação expõe o crescimento do número de mulheres que precisam de ajuda: “O Sara-M é o instrumento mais palpável da gente sentir o efeito que teve todo esse movimento de junho para cá, porque a gente tem sentido um ‘boom’ muito grande no número de abrigamento de mulheres”, afirmou.
Para a vereadora Mariana Conti (PSOL) a pandemia agravou a situação de violência contra as mulheres: “Se nós já tínhamos essa realidade que é uma realidade difícil, uma realidade que muitas vezes os dados não mostram, a pandemia certamente trouxe mais complexidade, na medida em que a pandemia levou a um afastamento das relações sociais, deixou as mulheres confinadas com seus agressores, agravou uma situação social de tensão, de precariedade, de pobreza, as mulheres são as que mais estão empobrecendo e perdendo emprego”, disse.
Em um dos casos recentes, no dia 1º de agosto, uma mulher foi morta pelo ex-companheiro dentro da própria casa no Jardim Chapadão, em Campinas, com dois golpes de faca, em frente à filha do casal de apenas 3 anos.