A degradação da região central de Campinas é um processo contínuo, que se agravou com a pandemia, uma vez que muitos comércios fecharam, e com isso mais prédios passaram a estar desocupados, ou até mesmo, abandonados.
A atual situação contrasta com o valor histórico do Centro da cidade, uma vez que diversos fatos importantes da história de Campinas ocorreram em locais que hoje estão em más condições.
O arquiteto e urbanista Alan Cury afirma que o patrimônio arquitetônico edificado do Centro conta a história da nossa cidade. Para ele, a recuperação da região depende de muito mais do que ações pontuais isoladas, como a reforma da avenida Francisco Glicério.
“Precisa de muito mais do que isso, precisa de estímulos reais para que voltem a ter no centro a habitação e os serviços públicos estarem lá. Um bom sistema viário e de transporte para que todas as pessoas possam usufruir da estrutura que o centro de Campinas tem”
Para Cury, a crescente evasão dos imóveis do Centro pode ser revertida com um projeto que incentive a habitação desses prédios, inclusive aqueles que originalmente têm finalidade comercial.
“A habitação em prédios comerciais, principalmente social, é uma possibilidade real e que pode contribuir muito para a habitação no Centro”
Um exemplo é o prédio do Palace Hotel, na esquina das ruas Irmã Serafina e Ferreira Penteado, que está abandonado há muitos anos. No momento o prédio está sob intervenção da Prefeitura, que aguarda o término de um prazo de três anos para que o proprietário pague uma dívida de cerca de R$ 20 milhões. Caso a dívida não seja paga, o imóvel passará a ser propriedade municipal.
“Eu acho que com uma pequena adaptação o Palace pode ser tornar um local de habitação por toda a infraestrutua que já tem na região. É uma localização bastante privilegiada e a gente só tem o cuidado do local quando tem gente morando “
Mas a simples ocupação dos espaços ociosos também não resolveria o problema, segundo Cury. Somente um conjunto de medidas tomadas de forma simultânea pode, de fato, revitalizar a região central.
“A revisão das linhas de mobilidade, dos modais que possam acessar a região central da cidade, o uso das praças, prédios públicos e privados que estão sendo subutilizados. Tudo isso precisa ser revisão para se fazer uma ação que envolva várias frentes”
O urbanista demonstra otimismo quanto à adoção dessas medidas, o que seria somente uma questão de tempo.
“Por que o Centro de Campinas tem história, tem qualidade e um potencial enorme de evolução”