Falta de acessibilidade no centro de Campinas dificulta rotina de deficientes

Foto: Evandro Luis Alves

O Centro de Campinas recebe por dia muitas pessoas que circulam no local e que utilizam os serviços disponibilizados. Para que isso possa acontecer da forma correta, a região precisa estar preparada. No entanto, pessoas com deficiência sentem dificuldade ao circular pela região.

Ações simples como esperar no ponto e subir no ônibus, atravessar a rua, caminhar nas calçadas e entrar nas lojas para fazer compras na verdade são desafios para as pessoas com deficiência.

Lucas Carvalho Ré é deficiente visual, membro do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência e mora no centro de Campinas. Ele comenta que a acessibilidade no município é baixa e que encontra dificuldades no cotidiano: “Falta semáforo sonoro nos principais pontos da Avenida Anchieta, onde passa um grande número de pessoas com deficiência. Também falta piso tátil e a gente vê muitas pessoas, por falta de informação, que andam no piso tátil e não sabem a finalidade. O centro da cidade precisa de um cuidado maior e um estudo maior por parte do poder público”.

Roberto Oliveira possui baixa visão e utiliza o Terminal Central todos os dias para ir e voltar para a casa. Dentre outros problemas relatados como calçadas, guias e pontos de ônibus, ele relata a dificuldade que é chegar até a plataforma correta: “No terminal não tem um acesso para passar no meio daqueles ônibus, é uma dificuldade muito grande. Tem a guia tátil, mas o cego não tem um acompanhamento de uma pessoa do trânsito, da Emdec, para acompanhá-lo e atravessar todo aquele trecho e ir à sua plataforma. Na entrada do terminal deveria ter um quiosque. O quiosque da Emdec está lá no centro do terminal. Para um deficiente visual chegar até lá e perguntar onde é a plataforma dele é muito difícil”.

Para ajudar na movimentação dessas pessoas, existem alguns profissionais como o Evandro Luis Alves. Ele é instrutor de orientação e mobilidade do Instituto dos Cegos de Campinas e trabalha com deficientes há 20 anos.

Ele afirma que o desejo dessas pessoas é ter a liberdade de ir e vir, mas que encontram muitas dificuldades no caminho, como o estado das calçadas. O profissional alerta sobre as condições das ruas e também da necessidade de uma parceria entre prefeitura e instrutores: “A região central de Campinas tem se mostrado pouco acessível, tem se caminhado a passos bem curtos a acessibilidade. Fizeram o piso tátil na Avenida Francisco Glicério, mas não fizeram no centro comercial, na parte principal que é a Treze de Maio. As vezes falta um diálogo entre os governantes e as instituições e os profissionais de mobilidade que podem dar toques e informações corretas de onde devem colocar”.

A Prefeitura de Campinas afirmou que realiza esforços para aumentar a acessibilidade. De acordo com Vandecleya Moro, secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, a administração possui o Plano Municipal de Rotas Acessíveis: “A elaboração do Plano Municipal de Rotas Acessíveis tem como finalidade criar diretrizes necessárias que orientem as reformas, construções, passeios públicos e travessias viárias, priorizando a forma de deslocamento a pé entre as pessoas e os espaços públicos. É importante dizer que isso foi construído em conjunto com o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência”.

A secretária também informou que em abril deste ano foi instalado um sistema de detecção de presença com sinal sonoro em 10 cruzamentos da Avenida Francisco Glicério.

Compartilhe!

Veja também

Reportar um erro

Comunique à equipe do Portal da CBN Campinas, erros de informação, de português ou técnicos encontrados neste texto.