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Produtores de Holambra e Vinhedo adotam medidas para enfrentarem a seca

Foto: Flávio Paradella

Os produtores de flores e plantas ornamentais de Holambra e de uva e vinho, de Vinhedo, estão demonstrando que é possível contornar períodos de estiagem, contribuindo com a segurança hídrica da cidade. Através da utilização de reservatórios próprios de água, estes produtores, conhecidos por contribuírem com o Turismo na Região Metropolitana de Campinas, ainda sofrem os efeitos da pandemia e agora enfrentam mais este desafio, com a rigorosa estiagem que atinge o estado de São Paulo.

No caso de Holambra, a cidade é famosa até no exterior, com eventos como a Expoflora, por exemplo. Este segmento de flores e plantas ornamentais depende especialmente da água e os produtores assimilaram a aprendizagem adquirida na crise hídrica vivida em 2014. De acordo com Geraldo Veloso, Superintendente do Saehol, os produtores encontraram formas de aperfeiçoar ainda mais as ações para garantir as reservas em tempos de estiagem. “A maioria dos produtores em Holambra tem um sistema de armazenamento próprio, reduzindo a dependência da rede de abastecimento para fins de cultivo”.

Holambra é 60% abastecida pelo Rio Camanducaia e os outros 40% pelo Ribeirão Borda da Mata no ponto de captação do Lago do Holandês. Para Geraldo Veloso, a contribuição dos produtores e moradores, aliada ao manejo dos recursos hídricos e campanhas constantes de conscientização, tem garantido uma situação de relativa tranquilidade na cidade. “A gente tem uma segurança hídrica boa. O Camanducaia tem baixado, mas está com um volume considerável e o Lago do Holandês também está baixando, mas não deverá faltar água”.

De acordo com Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor, Instituto Brasileiro de Floricultura, são as providências antecipadas para garantir o próprio abastecimento que estão ajudando os produtores a enfrentarem este momento. “Os produtores realmente tomaram providências para terem reservas de água maiores que na crise hídrica de 2014, mas é preciso continuar cuidando. A natureza acaba educando as pessoas. Ou por bem ou por mal, mas educa”. Kees explica que todo esse esforço foi recompensado, já que o setor tem tido um bom desempenho durante a pandemia, com expectativa de retorno da Expoflora no ano que vem. “O Turismo está chegando de outra forma. Numa quantidade menor que na Expoflora, mas são turistas que vêm com frequência”.

No caso de Vinhedo, a construção, limpeza e manutenção de poços profundos da cidade estão entre as soluções apontadas para minimizar o impacto da seca no Estado. De acordo com o Prefeito de Vinhedo, Dario Pacheco, a cidade tem 22 poços, sendo 12 em operação, dos outros 10, três já foram vistoriados e apresentaram água de qualidade. “Cada um garante 1 metro cúbido por hora, então, são 10 metros cúbicos por hora. É pouco ainda, mas ajuda e estamos procurando outros”.

Um dos exemplos apontados é a reversão de um poço profundo construído no Distrito Industrial, que ainda não estava em uso, e que passará a abastecer as empresas. Com isso, o abastecimento que seria destinado ao distrito industrial,  de 16 metros cúbicos por hora, será revertido e disponibilizada para a população da região do Centro.

Mesmo assim, a cidade instituiu um rodízio preventivo a partir do dia 11 de outubro, como medida emergencial para evitar o desabastecimento. Apesar de parecer contraditória a restrição no uso da água hoje para evitar uma restrição no futuro, o prefeito considera a medida essencial para que os moradores economizem água. “Eles precisam fazer economia de água. Cada habitante gasta mais de 200 litros de água por dia, mas a meta é reduzir para 150 litros”.

Conhecida como a cidade das uvas, Vinhedo tem especial preocupação com períodos de seca prolongada porque tem uma economia voltada para a produção e uva e vinho, atraindo turistas pra eventos como a tradicional Festa da Uva, no Parque Municipal Jayme Ferragut, que foi suspensa por causa da pandemia.

De acordo com Ana Paula Jerônimo, Responsável pela administração da Adega Família Ferragut, o impacto da pandemia soma-se agora à preocupação com a falta de chuvas. “Realmente está com altas temperaturas e o solo muito seco e neste período é importante uma boa irritação, por enquanto, estamos conseguindo levar”.

Ana Paula explica que uma alternativa tem sido a utilização de poços artesianos. “Nós temos um poço que supre uma boa necessidade, mas a chuva faz uma grande diferença para o desenvolvimento das videiras, na agricultura, e também para a produção vinícola”. A atual crise hídrica já está sendo apontada como a maior do Estado dos últimos 90 anos.

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