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Preço da carne deve continuar alto até o período de festas

Foto: Francisco Lima Neto

O alto preço das carnes continua pesando no bolso dos consumidores e não dá indícios de que vai cair durante este mês para que a população consiga ter um Natal e Ano Novo com mais fartura. No geral, muita gente ainda está desempregada, e quem tem alguma atividade remunerada viu a renda despencar desde o ano passado.

O jeito é fazer adaptações no cardápio e substituir os cortes mais tradicionais por outros mais em conta.

Sérgio Silva e a família, por exemplo, diminuíram o consumo de carne bovina e passaram comprar mais frango.

“De modo geral, o orçamento não aumentou e os preços aumentaram, então, a gente optou mais por comprar peito de frango, comprar fígado que a gente não comprava. Fígado de frango”, diz.

Ele costumava comprar costela e contrafilé, mas agora a realidade é outra.

“O contrafilé às vezes é R$ 45, R$ 50, o fígado você paga R$ 5 e alimenta do mesmo jeito. A gente faz assim, troca as outras carnes que são mais caras por uma carne mais em conta. A gente pegou coxa e sobrecoxa que sai um pouco mais em conta. A questão da substituição é o que sustenta porque o orçamento não aumentou, mas os preços aumentaram bastante”, afirma.

De acordo com o açougueiro André Aparecido Meira, que trabalha em um estabelecimento no Mercado Municipal de Campinas, os preços subiram. O miolo do acém aumentou de R$ 25,90 para R$ 29,99, por exemplo, mas mesmo os cortes mais baratos não ficaram imunes.

“Eles têm reclamado bastante. A carne de segunda estão procurando bastante, o acém, suan, ossobuco, são as carnes mais em conta. Uma carne para cozido, uma carne mais em conta porque estão muito difíceis as coisas”, conta.

Zenaide Alves pesquisou bastante, mas ainda assim não comprou carne nenhuma.

“Tinha ouvido falar que tinha caído do preço, mas continua a mesma coisa. Continua alto o preço, tem melhora nenhuma não”, reclama.

Foto: Francisco Lima Neto

E essa melhora tão esperada pelos consumidores não deve chegar a tempo de deixar a ceia mais gorda. O preço da carne vem de sucessivas altas e deve se manter em patamares ainda elevados durante as festas de final de ano. A avaliação é do pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, da equipe de Pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que é parte do Departamento de Economia da USP de Piracicaba.

Segundo o pesquisador, a carne bovina de primeira e de segunda já acumula alta de quase 8%, principalmente por conta da oferta e da demanda.

“Uma demanda chinesa muito forte até meados de setembro quando a gente teve o caso atípico de vaca louca no Brasil e as exportações para a China foram interrompidas. mas até então a China vinha comprando muita carne brasileira. E do outro lado a oferta. Uma oferta restrita ao longo de 2021 por uma produção menor no campo devido ao abate de fêmeas e também à seca”, explica.

Esses fatores, segundo o pesquisador, atrapalharam a engorda do animal no campo, e elevaram o custo para manter o gado de confinamento. De acordo com o pesquisador, esses fatores explicam a valorização da carne nos últimos meses.

“Se a gente for olhar daqui até o final do ano e com a chegada das festividades, a expectativa ainda é de patamares altos do preço tanto do animal no campo, refletindo no preço da carne bovina. A tendência é que o preço se mantenha em patamares firmes, principalmente na primeira quinzena até o dia 20 do mês de dezembro”, finaliza.

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