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Com projetos na mesa e outros em execução, Av. Andrade Neves flerta com revitalização

Foto: Henrique Bueno

A Avenida Andrade Neves, na região central de Campinas, tem uma importância histórica reconhecida através do desenvolvimento da cidade, mas que hoje sofre com a degradação em alguns de seus trechos. A via teve muita relevância no início do século passado, já que ligava a Estação Cultura ao Centro da cidade e por onde saíam as linhas do bonde. Lá também foi o endereço de empresas que fizeram história em Campinas, como a fábrica de fundição de ferro e bronze Lidgerwood e a cervejaria Continental.

Com o fim do transporte sobre trilhos na cidade e a urbanização da área, veio a degradação e o abandono de imóveis. A via segue relevante, sendo um importante corredor de veículos, por onde milhares de carros circulam diariamente. Hoje, a avenida, que começa na Estação Cultura e vai até o bairro Castelo tem três características distintas, dependendo do trecho em questão.

Foto: Henrique Bueno

A primeira parte é a que tem a situação mais problemática. A área próxima à Estação Cultura é a mais degradada, com imóveis abandonados e com muitos problemas de segurança. Quem trabalha na região, que tem um número razoável de comércios, enumera as dificuldades. “Está bem deteriorado, tem bastante pedinte, precisava melhorar isso aí”, disse uma trabalhadora. “A gente tem que insistir, não pode abandonar (a área)”, revelou outra. Porém o trecho em questão vive a expectativa de uma reforma estrutural, que pode levar a um processo de revitalização de grande potencial.

Esse trecho está inserido no projeto do Trem Intercidades, que usaria a própria Estação Cultura como terminal da operação férrea. Isso, segundo a secretária de Planejamento e Urbanismo de Campinas, Carolina Baracat Lazinho, colocaria o trecho no rumo do desenvolvimento, revitalizando a área e contribuindo para a recuperação do Centro da Cidade. “É uma área do setor de patrimônio da União. E tem um grande projeto, onde a gente, junto com a União, fazer a cessão para a construção de um grande empreendimento habitacional. Em contrapartida a gente iria requalificar toda aquela região do pátio (ferroviário), que é o coração da cidade. É onde a cidade começou a se desenvolver”, afirma.

O segundo trecho, no cruzamento com a Avenida Barão de Itapura, já passa por esse processo. No local, por anos funcionou a rodoviária de Campinas, por onde circulavam milhares de pessoas diariamente, garantindo uma movimentação intensa que fazia sobreviver comércios e empresas no redor, como restaurantes, estacionamentos e hotéis. Em 2008, a rodoviária foi desativa e transferida de lugar, deixando apenas mais um imóvel sem uso na região. Em 2010, aconteceu a implosão do prédio, deixando um enorme terreno na margem da avenida. Isso praticamente matou toda atividade econômica que havia ao redor.

Os comerciantes que sobreviveram na região, relatam as dificuldades encontradas no local e a esperança por dias melhores. “Eu acho que vai melhorar, porque vai ter mais fluxo de pessoas aqui”, disse um trabalhador. “Não tem mais nada em volta. Nós somos guerreiros mesmo, porque estamos segurando até ver na hora que sair esse hospital e a gente ver se dá uma melhorada aqui para a gente”, revelou outro.

Foto: Henrique Bueno

A situação deste trecho da avenida já está modificando, com a construção de um hospital de grande porte, que é erguido pela Rede D’or. Neste momento, a obra acontece em ritmo acelerado e já é possível visualizar a mudança no entorno. A secretária de Planejamento e Urbanismo de Campinas, Carolina Baracat Lazinho, acredita que a ação da iniciativa privada já faz alterações significativas para a economia local e a tendência é de que o trecho em questão se revitalize, gerando emprego e renda. “A partir do momento que a gente faz essa parceria com a iniciativa privada, na construção de hospitais, de museus, de outros indutores de desenvolvimento, a gente acaba levando uma dinâmica urbana para essa região. Para se ter uma ideia, a gente tem praticamente dois empreendimentos no entorno da antiga rodoviária, que são residenciais. São apartamentos, lofts, quer dizer, você começa a trazer um dinamismo, né”, pontua.

Com iniciativas concretas para esse dois trechos mais problemáticos da via, é possível dizer que a Avenida Andrade Neves flerta com a revitalização total da área, contribuindo para um processo de recuperação mais amplo, envolvendo toda a região central. É o que afirma o arquiteto e urbanista Alan Cury, que vê com bons olhos as iniciativas dos setores público e privado na região. “Eu acho fundamental a gente entender sempre Centro de Campinas como o coração financeiro, institucional e cultural da cidade. Ele deve ser sempre a âncora do município, como forma de atração de novos negócios, de moradias qualificadas, de produção de empregos, geração de impostos e tudo mais. Então, todo carinho que a gente der para o centro é fundamental para que ele ganhe cada vez mais ganhe uma vida melhor, qualidade urbanística melhor e que as pessoas possam usufruir dele com muito carinho, como foi no passado”, resume.

O terceiro trecho da via, que passa pelas regiões dos bairros Bonfim e Castelo, é mais desenvolvido e tem menos problemas, com boa presença de comércios e empresas.

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