A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou as operadores de planos de saúde de reajustarem os valores dos planos em até 15,5%, maior percentual já registrado desde a criação da ANS, no ano 2000. O aumento pode ser aplicado no período compreendido entre maio deste ano e abril de 2023. Cerca de 8 milhões de clientes podem ser afetados em todo o Brasil.
As operadoras alegam que o reajuste vem após a ANS determinar um reajuste negativo de 8,1% nos valores dos planos no ano passado. Segundo a agência, considerando a redução no ano passado, o reajuste atual equivale ao aumento de 2,9% ao ano nos dois anos de pandemia de Covid-19.
Porém, arcar de uma só vez com um reajuste assim não é nada fácil. A recepcionista Elisabeth Panutto paga aproximadamente R$ 800 por mês pelo plano de saúde dela, com o filho como dependente. Se o percentual máximo autorizado for aplicado pela operadora em que ela é cliente, o valor pode chegar a quase R$ 1 mil. “Eu acho um absurdo ser tão caro assim, já sobe quando a gente faz aniversário e ainda tem os outros aumentos também, agora eu estou pagando R$ 800”.
A funcionária pública, Fabíola Camargo, também vê o reajuste com muita preocupação. “É um abuso, eu posso me preparar o tanto que for que eu não vou dar conta de pagar um valor desse, pois meu salário não tem aumento há três anos, como que eu vou poder seguir meu padrão de vida com um aumento de até 15% em um plano de saúde? Isso é um abuso, é um absurdo”.
Atualmente Campinas tem mais de 587 mil moradores com algum plano de saúde privado, o que equivale a quase metade da população. O número tem se mantido estável nos últimos anos, mas já foi maior: Em março de 2015, por exemplo, 660 mil habitantes de Campinas tinham algum plano de saúde. E com menos clientes nos planos, o número de pessoas dependendo de atendimento do SUS aumenta, sobrecarregando ainda mais o sistema público de saúde.
