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Seminário contra o feminicídio marca três anos da morte de Thaís Ribeiro

Foto: Guilherme Pierangeli

Um importante evento no combate ao feminicídio foi realizado nesta quinta-feira (12) no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas. O seminário “Todos contra o Feminicídio” contou com a participação de especialistas da área e autoridades de segurança e assistência social.

A doutoranda em Saúde Coletiva pela Unicamp, Thamiris Smania, estuda o tema, e foi uma das palestrantes. “Vou falar um pouco do perfil epidemiológico das vítimas de feminicídio e de homicídios femininos, o que diferencia essas mortes, contando um pouco do trabalho que a gente faz com os familiares e amigos das mulheres que foram vítimas de mortes violentas aqui na cidade, é importante conhecer o fenômeno para a gente prevenir e diminuir essas mortes”.

Evento contou com boa presença de público – Foto: Guilherme Pierangeli

A secretária municipal de Assistência Social, Vandecleya Moro, ressaltou a importância do evento. “É muito importante que nós possamos debater para encontrar juntos caminhos contra o feminicídio, quando falamos do assunto a gente fala do combate à violência doméstica e da prevenção, e por isso a política pública precisa ser assertiva, e ela é assertiva quando a gente une poder público, sociedade civil, a comunidade, todos debatendo o tema para encontrarmos caminhos para ter Campinas livre de feminicídio”.

O Padre Antônio Alves, pároco da igreja São Marcos Evangelista, em Campinas, atua dando assistência à famílias das vítimas, e falou sobre o papel da igreja católica neste tipo de caso. “A gente dá a nossa contribuição para políticas públicas efetivas, para prevenção principalmente, e no caso das violências já cometidas, um acolhimento, um suporte para a família, pois a vítima não é apenas a mulher, mas também a família, os filhos, os irmãos”.

O evento é realizado nesta semana em memória de Thaís Fernanda Ribeiro, uma jovem que foi assassinada pelo namorado em Campinas 10 de maio de 2019. O crime acaba de completar três anos. Thaís tinha 21 anos quando foi assassinada. Ela era moradora do bairro San Martin, e trabalhava em um supermercado em Barão Geraldo.

O autor do crime foi condenado, mas não pelo crime de feminicídio, e com isso, recentemente, o Tribunal do Júri de São Paulo anulou o julgamento do réu, conforme detalha a advogada Ana Carolina Cavazza, que atua como assistente da acusação no caso. “O júri que aconteceu em novembro do ano passado não reconheceu o crime como feminicídio, apesar do réu ter sido condenado a uma pena relativamente alta, 18 anos de prisão, não se reconheceu como feminicídio o crime, então o Ministério Público, junto da assistente de acusação, recorreu e o Tribunal de Justiça semana passada reconheceu, anulou, e decidiu que o júri foi julgado contrário as provas produzidas, com isso vai ter um novo júri em agosto deste ano, tá marcado já, então vamos passar por isso de novo, e a briga da família é para que seja reconhecido como feminicídio”.

Delfino José Ribeiro, pai da vítima, deseja que a Justiça seja feita, e o réu seja condenado pelo crime de feminicídio. “Ser julgado do modo que foi é abusivo para a família, para a sociedade e para todas as mulheres, e para a gente foi uma derrota, mas acredito que vamos conseguir vencer, vamos conseguir que ele seja condenado mais uma vez, a gente vai permanecer na luta sempre”.

Durante o seminário o prefeito Dário Saadi (Republicanos) propôs a criação de um Observatório de Violência contra a Mulher na cidade, com o propósito de reunir e sistematizar as estatísticas disponíveis sobre o tema no município. Campinas registra, neste ano, seis casos de feminicídio até o momento, já superando todo o ano passado, quando foram registrados cinco casos.

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