Os muros de alvenaria e a chaminé de tijolo aparente da antiga Fábrica de Chapéus Vicente Cury vão ser incorporados a um empreendimento residencial e comercial.
As obras ainda estão na fase de limpeza e nivelamento do terreno, mas já causam entusiasmo nos comerciantes da região.
O gerente Fábio Guilherme trabalha em um bar nas proximidades da antiga fábrica e estima que o faturamento do comércio vai subir, no mínimo, 30%.
“Cara, é uma boa, né? Não da parte residencial, é mais da parte comercial. O cara não vai levar marmita para o trabalho, então, é uma opção que nós temos. Vamos começar a abrir no horário do almoço também, vai ficar mais fácil para nós.”
A microempresária Tailaine da Costa mantém um quiosque de lanches ao lado do terreno onde o novo empreendimento vai ser construído.
Ela acredita que vai vender cerca de 70% a mais após a conclusão das obras.
Apesar dos sustos que leva cada vez que os operários derrubam uma estrutura da antiga fábrica de chapéus, Tailaine afirma que a situação está melhor do que antes.
“Porque estava abandonado, né? Aí chovia e enchia de mosquitinhos, dava bastante pernilongo e cai pedaço reboco reboco.”
Na primeira metade da década de 1920, o empresário Miguel Vicente Cury e seu pai Vicente Cury construíram na atual rua Alberto Salles a primeira instalação da fábrica de chapéus: um barracão com paredes simples e cobertura.
Em 1950, a fábrica já era um complexo de unidades individualizadas cercado pelo muro de alvenaria.
Em 1980, a Chapéus Cury ganhou fama mundial por ser a marca do chapéu usado pelo protagonista da franquia Indiana Jones.
Para o arquiteto e urbanista Alan Silva Cury, a construção de um empreendimento no terreno da antiga fábrica não vai apagar a história.
“Parte dessa fachada e da chaminé da fábrica foram tombadas e serão restauradas para receber o reconhecimento histórico de um momento valoroso da nossa cidade. Aquela região mudou e não aceita mais o uso industrial próximo da habitação, dos comércios e da vida urbana que ali acontece. Esse projeto certamente irá ajudar na requalificação dessa região, trazendo mais vida, empregos, habitação e geração de impostos, fazendo assim o cumprimento total da função social da propriedade.”
Em setembro de 2008, o Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) tombou a fachada e a chaminé do prédio.
As estruturas são patrimônio histórico e cultural de Campinas, por isso a empresa responsável pela obra do condomínio vai incorporá-las ao novo empreendimento.