O incêndio nesta terça-feira (26) em um galpão que faz parte do antigo Curtume Cantusio, em Campinas, mais uma vez trouxe à tona o debate sobre o uso de espaços históricos que estão vagos atualmente. João Verde, professor de Arquitetura e Urbanismo da PUC Campinas, e também membro do Condepacc e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, comenta a situação dos imóveis do Cortume. “É uma questão complicada pois é um imóvel particular, há a figura do tombamento, que tomba tanto imóveis privados quanto particulares, e há a necessidade de atitudes para que haja alguma intervenção e ocupação desses prédios”.
O arquiteto afirma que a existência deste tipo de imóvel desocupado ocorre dentro de um processo natural de evolução das cidades, mas afirma haver alternativas. “Hoje esses prédios não tem mais essas funções, pois a indústria e os processos vão se renovando, e algumas questões de produção vão ficando pelo caminho, agora, isso tem uma importância história para a cidade, então a saída que vejo para o Curtume é um empreendimento nos moldes do uso do Chapéus Cury”.
No segundo semestre do ano passado foi anunciada a demolição do centenário prédio da Chapéus Cury, na região central de Campinas. O prédio está inutilizado, e dará lugar a um condomínio com duas torres residenciais e um centro com salas comerciais e cinema. A fachada e a chaminé são tombadas como patrimônio histórico e deverão ser preservadas. E é algo nesses moldes que Verde defende. “Uma instituição de ensino, uma escola técnica, uma universidade, um centro cultural, então não há fechamento em relação às possibilidades que aquele prédio poderá ser usado”. Ele defende ainda que, assim como deverá haver na antiga fábrica da Chapéus Cury, o novo empreendimento conte com uma sala contando a história do prédio e da empresa que ali funcionou.
O Curtume Cantusio encerrou as atividades em 1990. As construções são tombadas pelo Condepacc, mas o abandono levou à danos causados pela falta de manutenção e pela ação de vândalos, e agora pelo incêndio.
