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Ouça: vereador Zé Carlos pede ‘propina’ para renovar contrato

Arquivo/ Divulgação

A CBN Campinas teve acesso aos áudios completos de reuniões do empresário que denunciou o esquema de propina cobrado pelo presidente da Câmara de Vereadores de Campinas, Zé Carlos (PSB).

As conversas, que aconteceram com Zé Carlos e também com o subsecretário de Relações Institucionais da casa, Rafael Creato, foram gravadas em 2021, e entregues ao Ministério Público pelo empresário.

Os dois são investigados por corrupção passiva pela Operação Lambuja, feita pelo MP há aproximadamente dois meses.

O serviço em questão é a administração da TV Câmara de Campinas, feito por uma empresa terceirizada. Era época de renovação do contrato, previsto na licitação.

No encontro com Zé Carlos, logo no começo, um tom ameaçador. Ele pede ao empresário fechar a porta, porque a conversa vai ser “dura”.

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Essa conversa dura é por causa de vários aditamentos que foram feitos no contrato de prestação de serviço da TV Câmara, como equipamentos para transmissão ao vivo, mudanças na central técnica responsável pela distribuição das imagens, e outras questões menores.

Em um determinado momento da reunião, Zé Carlos começa a contar notas para fazer um outro pagamento, insinua ao empresário que ele já poderia deixar o dinheiro dele ali, e pergunta se ele lembra da última conversa que tiveram.

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Já dá a entender que o pedido de propina já havia sido feito. Segundo o relato do empresário ao Ministério Público, Zé Carlos pedia para que as conversas fossem em salas fechadas, sem celulares, relógios ou quaisquer outros objetos que pudessem gravar o teor das reuniões.

Dias antes, numa reunião com Rafael Creato, em uma segunda-feira, o empresário dá sinais de que não vai pagar o que foi pedido. Ele pergunta ao subsecretário se ele conseguiu falar com Zé Carlos. A resposta:

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O empresário alega que passou o fim de semana estudando a planilha de contas e que sabia que tinha o risco de perder o contrato, mas que a negociação não era viável para ele. 

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Na sequência, Rafael Creato parece compreender que, de fato, o pagamento de um valor a mais seria prejudicial para o empresário, mas que Zé Carlos ainda “não tinha real noção do que o contrato para a TV Câmara previa”, já que houve uma mudança na forma de pagamento pelos serviços prestados em comparação com a antiga produtora, e reitera que o presidente do legislativo queria um valor a mais de qualquer forma.

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O subsecretário de Relações Institucionais ainda tenta, de alguma forma, saber onde o empresário poderia “cortar” para que o contrato fosse aumentado em 15% sem que ele saísse no prejuízo, atendendo ao pedido do presidente da Casa. 

O dono da produtora rebate, argumentando que o contrato com a casa prevê uma determinada quantidade de horas ao vivo por dia.

Creato sugere reduzir horas trabalhadas dos funcionários ou acúmulos de funções, mas o empresário rebate, dizendo que haveria redução na produção e “chiadeira” por parte dos vereadores, que já questionam o trabalho atual.

Depois de várias tentativas de ver onde seria possível reduzir custos, Rafael Creato joga a toalha.

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Na reunião com Zé Carlos, o empresário reitera que, financeiramente, não é nada viável o esquema proposto, mas que gostaria de cumprir os cinco anos previstos pela licitação. O presidente da Câmara está apressado, diz que tem um almoço com o prefeito, e termina o encontro dizendo que vai seguir conversando.

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O empresário não pagou, afinal, a propina pedida. 

O advogado do vereador Zé Carlos, Ralph Tórtima Filho, afirmou que o parlamentar só iria se manifestar nos autos da investigação. Rafael Creato também vai se explicar quando for acionado pelo Ministério Público, segundo a defesa dele.

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