Comparada carinhosamente com Cannes e até Hollywood, Paulínia já teve um dos polos cinematográficos mais importantes do país. Cenas de clássicos do cinema nacional como “Bruna Surfistinha”, estrelado por Deborah Secco, e “O Palhaço”, com Selton Mello, foram gravadas no município.
Sem falar dos diversos festivais que a cidade já apresentou. Inclusive, a pré-estreia nacional da sequência de “Tropa de Elite”, um dos filmes brasileiros mais conceituados da atualidade, foi no Theatro Municipal de Paulínia.
Antes de se tornar uma cidade referência no cinema, Paulínia sempre foi reconhecida por ser a sede da Replan, maior refinaria de petróleo do Brasil. Em 2005, o então prefeito Edson Moura, anunciou que iria construir um complexo cinematográfico para que o município pudesse sobreviver da produção, exibição e da exportação de filmes, caso o parque industrial petroquímico não tivesse mais recursos naturais. Em 2007, o primeiro longa começou a ser produzido e, em 2008, foi promovido o primeiro festival de cinema.
Uma das primeiras pessoas a trabalhar no polo, colocando blocos e ajudando a construir o complexo, foi Bellamir Freire. Ele começou como pintor de cenários e conta com emoção sobre ter conseguido virar produtor, roteirista e diretor.
Porém, a realidade atual não é tão glamourosa. Uma crise política na cidade, que causou 13 trocas de prefeitos desde 2013 até o atual Du Cazellato (PL), fez com que o projeto ficasse cada vez mais abandonado. Em 2012, por conta de apertos econômicos, foi preciso cancelar a quinta edição do festival de cinema na cidade. Para Bellamir, é muito difícil entender como um polo tão importante não está sendo aproveitado.
Esses problemas na administração da cidade não afetaram só o cinema, mas também o teatro, construído na mesma época do polo. Além de trazer atores renomados e peças do Brasil inteiro, o local contava com o desenvolvimento e formação de novos talentos.
Thiago Silva, atualmente é diretor executivo e coordenador do curso de formação de atores do Teatro Ceart, localizado dentro do Polo Cinematográfico de Paulínia desde 2011. Para ele, todo esse espaço fez com que a cidade respirasse cultura.
E mesmo com o abandono do complexo, Thiago explica que os artistas da cidade não vão desistir da cultura e vão continuar torcendo para que novas medidas de incentivo sejam realizadas nesta área.
Atualmente, as crises políticas já não são mais evidentes na cidade. A expectativa dos paulinenses é de que, em um futuro próximo, o município deixe de ser conhecido pelas más gestões e volte a ser manchete pela as coisas boas, principalmente a cultura.
