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Infectologista afirma não ser admissível Campinas ter mortes por febre maculosa

Reprodução/Facebook

Uma cidade como Campinas não poderia registrar mortes por febre maculosa, como vem acontecendo nos últimos diante do surto registrado na Fazenda Santa Margarida. A opinião é do médico infectologista do Departamento de Vigilância em Saude (Devisa) de Campinas, Rodrigo Angerami, que classifica as mortes como tragédias.

A afirmação dele se apoia no fato de a cidade estar em uma região onde a doença é endêmica, e também nas condições de tratamento existentes na rede de saúde da cidade. “Não é admissível a gente ter óbitos por febre maculosa no município ou numa região, nós estamos falando de uma região que é endêmica, e já deveria estar convivendo com a capacidade de diagnóstico e tratamento precoce, febre maculosa é uma doença que deve ser tratada até o terceiro dia e sintomas com antibióticos que estão disponíveis na rede de atenção básica gratuitamente, e por esse motivo nós temos que sensibilizar profissionais da saúde para que suspeitem e tratem precocemente.”

Porém, ele destaca a dificuldade em relação ao diagnóstico, uma vez que há relatos de casos que foram confundidos inicialmente com dengue, como o da dentista Evelyn Santos, de 28 anos, uma das mortes confirmadas por febre maculosa contraída em Campinas. Em entrevista à EPTV, o noivo dela, o empresário Marcelo Borges, disse que a suspeita inicial dos médicos foi de dengue. Angerami afirmou que isso pode atrapalhar o tratamento. “Talvez esse seja o grande desafio para que a gente consiga evitar a evolução para formas graves. O grande problema relacionado à febre maculosa é que quando nós consideramos os três ou quatro primeiros dias de sintomas que são febre, dor de cabeça, dor no corpo, eventualmente diarreia, são sintomas extremamente frequentes em uma série de outras doenças, e doenças que em geral são mais frequentes que a própria febre maculosa”.

Segundo ele, os sintomas também podem ser atribuídos a dengue e infecções respiratórias ou gastrointestinais, e que por isso diagnosticar clinicamente é praticamente impossível, e não há testes rápidos para febre maculosa. Por isso ele destaca um fator que pode ser fundamental no diagnóstico da doença. “É aquela questão da informação epidemiológica, que nós chamamos, o profissional da saúde perguntar acerca de exposições em áreas com vegetação, áreas de mata, áreas rurais, áreas com proximidade de rios lagos, lagoas, áreas onde possa ter a presença do hospedeiro do carrapato, como equinos e capivaras, e obviamente perguntar se foi picado por carrapato”. Angerami diz que isso deve ser incorporado na prática clínica de qualquer profissional de saúde que atue na região de Campinas, que é a principal área endêmica.

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