No último sábado (23) acabou o inverno e teve início a primavera no hemisfério sul, embora em boa parte do país pareça que já estamos é no verão, devido à intensa onda de calor. E este calor não se limitou somente às últimas semanas. Durante boa parte do inverno as temperaturas estiveram acima da média, enquanto as chuvas ficaram abaixo da média, gerando um cenário de dias quentes e secos, conforme explica a pesquisadora do Cepagri da Unicamp, Ana Ávila. “O inverno teve chuvas abaixo da média praticamente durante todos os meses. Já com relação às temperaturas, no início do inverno, lá para junho, julho, as temperaturas ficaram mais próximas da média. Já em agosto as temperaturas subiram e ficaram acima. E agora no mês de setembro as temperaturas ficaram bastante acima do esperado, sobretudo no finalzinho da estação.”
Em junho, quando o inverno começou, a temperatura permaneceu dentro da média histórica. Em julho a média já foi 0.8 grau acima. Em agosto aumentou ainda mais, e a média foi 1.4 grau acima da média histórica para o mês. E em setembro a temperatura média está 1.7 grau acima da média histórica.
E a perspectiva para a primavera não é muito diferente. Dias secos e quentes tendem a ser comuns ao longo da estação. “O que é esperado para a primavera é que as chuvas continuem abaixo da média, teremos grandes variabilidades com períodos bastante secos e ensolarados, e sob essas condições as temperaturas sobem muito. É bastante comum quando a estação das chuvas atrasa um pouco, que é o caso para esse ano, que espera-se que a estação chuvosa ocorra mais para o mês de novembro, então até lá teremos dias bem quentes, temperaturas bastante acima da média.”
E isso tende a impactar também os reservatórios de água que abastecem os municípios. O sistema Cantareira, por exemplo, no primeiro dia de inverno tinha 84,2% do volume preenchido. Pouco mais de três meses depois, no primeiro dia da primavera, o sistema registrou 68,4%.
