Sem previsão para uma nova licitação dos ônibus de Campinas, os passageiros do transporte público coletivo do município seguem enfrentando vários problemas diariamente.
A reportagem da CBN percorreu alguns pontos de ônibus, na região central, e conversou com os usuários. O tempo de espera lidera o ranking de reclamações.
Luís Felipe Nunes é químico analítico. Para ir e voltar do trabalho, utiliza a linha 364, que faz a região do Centro e Jardim São Fernando. Ele conta enfrenta dificuldade com os atrasos da linha.
Charles Cote é aposentado. Com frequência utiliza a linha 348, que faz a região da Cidade Judiciária e Vila Marieta. Segundo ele, a demora também é o grande problema da frota.
Quem espera por melhorias, é a Érica Tosses. Ela é técnica de enfermagem e para trabalhar utiliza a linha 377. O tempo e a manutenção são os questionamentos. A passageira também discorda do valor da passagem.
Nesta quarta-feira (20), estava agendada a abertura dos envelopes do processo de licitação para a concessão do sistema do transporte público de Campinas. Mas nenhuma empresa de transporte coletivo, nem mesmo as que operam atualmente na cidade, apresentaram propostas participar da licitação.
O processo se arrasta há quase 10 anos, quando o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo julgou irregular a antiga licitação, feita em 2004, que criou o sistema InterCamp.
Atualmente, as empresas operam com contratos provisórios, mesmo contra a vontade do Ministério Público, que queria um contrato emergencial licitado.
Em nota, a prefeitura considerou “estranha” a ausência das empresas e agora avalia os próximos passos a serem tomados.
O que diz a Emdec
Procurada pela reportagem, a Emdec enviou uma nota com um posicionamento a respeito das recamações dos usuários. Segue na íntegra abaixo:
A Emdec esclarece que a operação do sistema de transporte coletivo é fiscalizada de forma contínua. Os agentes da Mobilidade Urbana acompanham os períodos da operação, observando cumprimento de horários e itinerários programados, viagens realizadas. Constatada alguma falha na operação ou problema de manutenção, as empresas concessionárias, ou operadores, responsáveis pelos veículos são autuados.
Sobre as três linhas mencionadas (348, 364 e 377), a Emdec esclarece que, nos últimos 60 dias, a operação delas foi muita impactada por obras em vias importantes que elas circulam, na região central. A situação acabou afetando a operação, mesmo com todas as ações que a Emdec desempenha para minimizar os impactos no trânsito, em situações de obras viárias. A Emdec fiscaliza as três linhas de forma contínua; e irá continuar acompanhando a operação delas, para verificar a necessidade de ajustes.
Sobre o valor da tarifa, o último reajuste ocorreu em janeiro de 2023. A média da recomposição ficou abaixo da inflação medida no período (reajuste médio das tarifas de 5,56%; inflação pelo IPCA de 5,90%). A segunda integração (utilização de mais de um ônibus, pagando apenas uma tarifa, no período de 2h) não teve reajuste.
Além da inflação, outros itens que compõem a cesta de custos do transporte público também impactaram no valor da tarifa, como salários dos motoristas reajustados em 15,5% (acumulado: 10% em dezembro e 5% em maio próximo); e o óleo diesel aumentou 12,64%.