A Unicamp abriu uma comissão especial para analisar e emitir um parecer sobre a proposta de concessão do título de ‘doutor honoris causa’ aos músicos do Racionais MCs.
A reivindicação é um dos itens propostos na “Carta Antirracista” elaborada no ano passado por estudantes e professores da disciplina “Tópicos Especiais em Antropologia IV: Racionais MC’s no Pensamento Social Brasileiro”.
O grupo foi formalizado pela reitoria da universidade em 1º de setembro e o documento deve ser concluído até o início de outubro, uma vez que o prazo estipulado pela universidade é de 30 dias.
Na sequência, ele será analisado pelo Conselho Universitário, órgão máximo de deliberação composto por docentes, técnicos-administrativos e representantes dos estudantes.
O título de “doutor honoris causa” é a distinção máxima prevista no estatuto da Unicamp e, desde a fundação da universidade, pelo menos 31 personalidades já receberam a honraria.
Entre elas, os professores Paulo Freire e Antonio Candido, o poeta Mário Quintana, o economista Celso Furtado e o arquiteto Oscar Niemeyer.
Em novembro de 2022, os Racionais MC’s fizeram uma aula aberta na Unicamp.
O livro “Sobrevivendo no inferno” é leitura obrigatória no vestibular da universidade estadual desde a edição 2020.
As reivindicações da “Carta Antirracista” surgiram após a suposta ofensa racial praticada por um professor da Faculdade de Engenharia Mecânica durante aula na Unicamp em 2022.
Outro pedido foi a criação de um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo.
À época em que o caso veio à tona, a Unicamp mencionou em nota acreditar que o diálogo e a multiplicação de medidas educativas são o melhor caminho para a resolução de conflitos e “necessário amadurecimento” institucional da universidade.