Justiça decide soltar psicóloga que levou bebê morto na mala ao hospital

Foto: Tiago Américo/EPTV

A psicóloga de 31 anos, que deu entrada em um hospital particular de Campinas, no dia 5 de dezembro, com um recém-nascido morto em uma mala, teve a liberdade provisória concedida pela justiça nesta terça-feira, 12. 

De acordo com advogado que representa a mulher, Ralph Tórtima Filho, a decisão é “muito técnica”, além de se revelar como “ponderada e humana, diante de um contexto que ainda precisa ser esclarecido”.

Na decisão, o juiz Hélio Villaça Furukawa, da 2ª Vara Criminal e do Júri de Itu, onde a psicóloga reside, afirmou que, embora se trate de um delito “extremamente grave e que causou grande comoção”, é necessária maior apuração para que se conclua exatamente o que ocorreu. 

O magistrado ainda determinou que a psicóloga compareça em juízo a cada dois meses, mantenha endereço atualizado e não se ausente da cidade por mais de dez dias sem autorização.

O caso é investigado como aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento e ocultação de cadáver. Na última quarta-feira, 06, quando recebeu alta, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva e a mulher ficou presa em Paulínia.  

De acordo a PM, foi constatado que o bebê do sexo masculino, com 3,7 kg e 50 cm, “apresentava sinais evidentes de morte e rigidez”, que indicavam o óbito superior a um dia.

A psicóloga teria dito ainda que logo após “o aborto espontâneo”, colocou o bebê em uma mala e o escondeu em uma estante. A Polícia Militar foi acionada após ela comparecer ao hospital, com os pais, para pedir ajuda. 

À Polícia Militar, a mulher contou que teria escondido a gravidez dos pais. Já o namorado sabia da gravidez, como foi confirmado pelo delegado que acompanha o caso. 

Um documento da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) classifica o “abortamento como síndrome hemorrágica da primeira metade da gravidez, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define como a interrupção da gravidez antes de 22 semanas, ou com um feto até 500g, ou de 16,5 cm, quer dizer, antes de atingida a viabilidade”.

Por conta disso, a defesa afirma, em nota, que o caso se trata de uma “provável psicose puerperal” – um tipo de transtorno que pode atingir mulher no período pós-parto – e que a prisão da mulher é considerada “injustificável”.

O Hospital São Luiz, onde a psicóloga foi atendida, não irá se posicionar sobre o caso.

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