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Poluição do Quilombo em N. Odessa causou mortandade em Piracicaba, diz polícia

Foto: Johnny Inselsperger/EPTV

A denúncia de que esgoto sem tratamento era jogado da Estação de Tratamento Quilombo, de Nova Odessa, direto no Ribeirão Quilombo foi feita em janeiro, segundo a Polícia Civil. O que motivou a reclamação foi a mortandade histórica de peixes no Rio Piracicaba, que foi descoberta na primeira quinzena do mês, e que foi a maior dos últimos cinco anos.

A equipe de investigação afirma que um técnico, que fez a análise da água do Rio Piracicaba na época, apontou que a poluição do Ribeirão Quilombo foi a responsável pela mortandade.

Por isso, a polícia “voltou” no curso do rio. Dez dias depois, chegou a um emissário supostamente secreto, chamado de ladrão, que fica próximo ao emissário ‘oficial’, por assim dizer, da Estação de Tratamento de Esgoto. Esse ladrão fica no limite entre Nova Odessa e Americana.

A perícia técnica foi acionada, e o inquérito aberto. Nesta segunda-feira, as equipes voltaram ao local e perceberam que a quantidade de água que saía desse ladrão era ainda maior que o registrado anteriormente.

Foi aí que a responsável técnica e o diretor técnico da Coden, a autarquia municipal responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto, foram chamados para prestar esclarecimentos. As versões, ainda conforme a Polícia Civil, eram divergentes, especialmente quando todos foram ao local desse emissário. A responsável e o diretor acabaram detidos, pagaram fiança, e foram liberados.

A Cetesb, por meio da Agência Ambiental de Americana, também investiga o caso.

O presidente da Coden, Elsio Boccaletto, que também foi ao local, mas não foi detido, explicou que essa “saída escondida” faz parte, sim, da estrutura real da estação, e que é utilizado quando há excesso de água, para evitar que os maquinários sejam inundados.

Elsio garantiu que não há mais irregularidades, e ainda se mostrou indignado com a denúncia.

Com 50km de extensão, o Ribeirão Quilombo nasce em Campinas, passa por Paulínia, Sumaré, Nova Odessa e deságua no Rio Piracicaba, em Americana. É carregado de poluição emitida por empresas que ficam ao redor. Quase sempre o nível sobe e alaga bairros, especialmente em Sumaré.

As discussões sobre a limpeza do manancial acontecem há pelo menos 22 anos. Em 2002, foi feito um Plano Diretor de Macrodrenagem, envolvendo as cinco cidades. Dez anos depois foi criada a Área de Preservação Ambiental do Ribeirão, como uma forma de tentar proteger a ocupação imobiliária desenfreada e também criar um plano de despoluição e revitalização.

Até chegar ao dia de hoje, as cidades começaram planos para tratamento de esgoto. Nova Odessa diz que 100% do resíduo passa por tratamento, apesar da situação divulgada nesta segunda-feira. Hortolândia, Paulínia, Campinas e Americana estão acima dos 95%.

Sumaré é quem enfrenta um grande gargalo. Um Termo de Ajustamento de Conduta, assinado antes da concessão do serviço para a iniciativa privada, prevê aumento da quantidade de esgoto tratado para níveis acima de 50%.

Levantamento do Instituto Trata Brasil aponta que, em 2021 –o último dado mais recente–, a cidade tratava apenas 24% dos efluentes. A proposta é que a concessionária construa, nos próximos anos, duas estações de tratamento que devem elevar o número para 100%.

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