Campinas registrou em março 415 acidentes de trânsito, o maior número para o mês nos últimos cinco anos. Também foram registradas 12 mortes, o mesmo número registrado em março de 2022 e 2020, sendo estes os meses de março com mais mortes nos últimos cinco anos.
Dentre as mortes no trânsito em março, 66% aconteceram em rodovias, 25% em vias municipais, e em 8% este dado não estava disponível. Isso acontece mesmo com a maioria dos acidentes, 75%, ocorrendo em vias municipais, e somente cerca de 25% aconteceram em rodovias.
André Gomes Bertucci é ex-policial rodoviário, advogado especialista em trânsito. Ele afirma que mesmo com os Centros de Formações de Condutores e Auto Escolas ensinando as boas normas de trânsito, grande parte dos motoristas não as seguem na prática. “E infelizmente o povo brasileiro em geral não é dado a seguir regras, a gente que tem auto escola, a gente ensina há muito tempo o pessoal, e você percebe que eles aprendem mas não colocam em prática, eu acho que esse é o principal fator que causa esse número excessivo de acidentes que a gente tem visto aí.”
As principais vítimas fatais no trânsito de Campinas são os motociclistas, com 12 óbitos no ano, seguidos de pedestres e motoristas de carro, com 7 cada. Para Bertucci, muitos motociclistas não praticam a chamada direção defensiva, embora eles sejam os que estejam mais sucetíveis a se ferirem com mais gravidade nos acidentes. “O motociclista tende a se envolver em acidentes porque normalmente esse pessoal trabalha como entregador e eles vivem numa correria porque tem horários para fazer as entregas, aquela pressão, então eles tendem a ter que andar mais rápido, e às vezes não respeitam as regras, tentam cortar caminho, tentam facilitar sua manobra ali, e acabam se envolvendo mais em acidentes, e sempre serão vítimas, porque a moto não tem muita segurança, se bateu ou você vai pro chão, não tem como né.”
Em relação à educação no trânsito, Bertucci afirma que faltam campanhas educativas, e também falta fiscalização para que as normas e cursos necessários sejam cumpridos. “O código de trânsito ele prevê que os órgãos de trânsito devem fazer campanhas educativas, a gente não tem visto muitas campanhas educativas aqui na nossa região, e existe também para o motociclista profissional um curso que ele é obrigado a fazer pra que ele possa conduzir o veículo nessas condições, como motorista profissional, e esse curso também não tem sido cobrado pelos órgãos de trânsito, infelizmente, o pessoal continua andando por aí sem ter esse curso”.
Os dados sobre acidentes de trânsito em Campinas são do Infosiga, plataforma do Governo do Estado.