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As denúncias de assédio sexual no trabalho aumentaram 23,2% no interior de São Paulo, de acordo com o Ministério Público do Trabalho, da 15ª região, sediado em Campinas.
O levantamento corresponde ao período de janeiro a novembro de 2024 em relação a 2023, quando o número de denúncias subiu de 155 para 191.
Os dados indicam que, entre os anos de 2021 e 2023, o número de denúncias é crescente. O aumento foi de 320% no interior de São Paulo e 370% apenas na área de abrangência do MPT da 15ª região.
Uma jovem que trabalha na área médica e não quis se identificar, falou ao Grupo EP que foi assediada por um superior durante 7 meses.
A mulher denunciou o homem diretamente para o diretor da empresa sobre o assédio, mas nada aconteceu. Ela procurou uma advogada e foi orientada a pedir a demissão indireta, parou de ir trabalhar e acabou demitida por justa causa. O processo segue em andamento e o coordenador continua na mesma ocupação.
A procuradora do MPT, Danielle Olivares Corrêa, considera que a alta no número pode estar relacionada à maior conscientização dos trabalhadores. Para ela, o tema está sendo mais abordado na sociedade e isso influencia no maior número de denúncias.
Uma lei de 2022 obriga as empresas a estabelecerem condutas contra o assédio sexual no emprego. As Comissões Internas de Prevenção a Acidentes (chamadas CIPAS), são responsáveis por enfrentar esse tipo de situação com serviço de acolhimento à vítima e canal de denúncia.
As empresas que ainda não possuem diretrizes sobre o assunto estão sujeitas a punições e podem ser autuadas pela auditoria fiscal do trabalho, como sofrer uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho.