Pesquisa da Unicamp mostra que musculação pode prevenir demência em idosos

Foto: Unsplash/Danielle Cerullo

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Um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicado na Gero Science, revista internacional focada na biologia do envelhecimento, mostrou na prática que a musculação auxilia no combate à demência em idosos. 

O trabalho avaliou o desempenho de 44 idosos com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) – uma condição clínica caracterizada pela diminuição das habilidades mentais, como a memória e o pensamento. 

O grupo passou por testes neuropsicológicos e ressonância magnética no início e no final do estudo, que durou 24 semanas.   

Isadora Ribeiro, doutora em neurociência e autora do artigo, explica o método de avaliação da pesquisa.

O diferencial é olhar para a anatomia cerebral. Então o que nós fizemos, nós dividimos em dois grupos, um grupo controle e um grupo treinamento. O grupo controle não praticou musculação, ao passo que o grupo treinamento praticou musculação durante 6 meses, duas vezes na semana em um protocolo que trabalhou o exercício de grande grupo muscular em alta intensidade. E aí todos eles, os dois grupos, foram avaliados antes e depois da intervenção. Quanto à cognição, quanto à melhora de capacidade funcional, né? Então são testes que avaliam atividade de independência no dia a dia e também quanto a ressonância magnética, pra gente justamente olhar para o cérebro” disse Ribeiro. 

Depois de seis meses praticando musculação, os participantes apresentaram proteção contra a atrofia do hipocampo, que é uma área do cérebro ligada à memória e o Alzheimer.

De acordo com a pesquisa, o grupo controle – aquele que não praticou musculação – apresentou diminuição do volume de substância cinzenta no hipocampo e pré-cúneo, que é uma região do cérebro que desempenha funções sensório-motoras, cognitivas e visuais.

O grupo que praticou atividades físicas não apresentou redução no hipocampo e pré-cúneo direitos.

“O grupo que fez o exercício, ele melhorou memória, ele teve um aumento da força muscular, também melhorou na capacidade funcional. E esse grupo ele teve regiões do cérebro, sobretudo a região do hipocampo, que é uma região destacada, comumente falada na doença do Alzheimer, protegida contra a atrofia. Ao passo que o grupo controle apresentou diminuição do volume dessa região”, destacou Isadora.

Foto: Isadora Ribeiro

A doutora em neurociência afirma que o estudo evidenciou a importância da prática de musculação naqueles que apresentam sintomas das doenças que afetam a memória.

“A gente pretende olhar, ainda pensando na ressonância magnética, se após o exercício, após a musculação, os participantes tiveram alguma alteração em conectividade funcional. A conectividade funcional vai dizer como que as redes cerebrais se comunicam entre elas. Além disso, a gente vai olhar um pouquinho para biomarcadores da doença de Alzheimer, então biomarcador no sangue para ver se teve alteração. O hormônio liberado a partir da contração muscular, como a irisina. A gente vai olhar a concentração dessas exercinas e desses neuro fatores para ver se o exercício promoveu o aumento delas. Porque elas estão relacionadas com o aumento da plasticidade cerebral com a neuroproteção”, finalizou. 

Um ponto em destaque do trabalho, é que no final do estudo, cinco das 22 pessoas que praticaram musculação chegaram na avaliação final sem o diagnóstico clínico de comprometimento cognitivo leve (CCL). Os outros participantes continuaram com o diagnóstico de CCL, mas apresentaram melhoras de memória e na anatomia cerebral. 

Confira a entrevista completa

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