A Prefeitura de Campinas publicou nesta sexta-feira, 5 de dezembro, o edital da nova licitação do transporte coletivo, etapa considerada decisiva para que a reformulação do sistema finalmente saia do papel após anos de revisões, debates e interrupções em processos anteriores. A abertura das propostas ficou marcada para fevereiro de 2026 e será feita na sede da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
O contrato da nova concessão terá vigência de 15 anos, com valor estimado em aproximadamente 11 bilhões de reais. O edital prevê 1,7 bilhão de reais destinado apenas à renovação da frota, além de investimentos totais de 1,9 bilhão de reais em veículos, tecnologia, terminais e estrutura operacional ao longo de todo o período.
A abertura das propostas será conduzida pela B3, contratada pela prefeitura no fim de outubro para garantir governança e transparência ao processo. O primeiro envelope, com credenciamento e garantias das empresas e consórcios interessados, será aberto em 10 de fevereiro de 2026. O segundo, que contém as propostas financeiras e lances, terá sessão pública em 23 de fevereiro e poderá ser acompanhado ao vivo pelo site da Bolsa. Após a definição da melhor proposta, a B3 abrirá o terceiro envelope, com a documentação de habilitação.
A licitação representa uma reformulação completa do sistema. A concessão foi dividida em dois lotes, Norte e Sul, e prevê frota renovada, menos poluente e com padrões modernos de conforto. O edital determina a aquisição mínima de 60 ônibus elétricos nos primeiros anos, com implantação escalonada de dez veículos por ano, além de veículos Euro 6 para o restante da frota. Todos os ônibus serão acessíveis e contarão com ar-condicionado, câmeras, wi-fi e entradas USB.
A operação do BRT também foi incorporada ao edital em um novo formato. A rede tronco-alimentada deve integrar bairros, corredores e terminais com mais conexões intersetoriais. Haverá ainda 16 linhas que funcionarão 24 horas, oito em cada lote da concessão.
Outro ponto considerado estratégico é a modernização da bilhetagem eletrônica. O edital cria uma Sociedade de Propósito Específico com participação do poder público e das operadoras, e a Emdec terá participação especial para garantir segurança e auditoria das transações. O modelo separa a tarifa paga pelo usuário da tarifa de remuneração das empresas e possibilita políticas de subsídios sem desequilibrar o sistema.
A nova licitação também incorpora o PAI-Serviço, que atenderá pessoas com deficiência. O transporte passa a ter metas de desempenho, frota renovada e monitoramento específico. No geral, toda a remuneração das operadoras dependerá do cumprimento de indicadores de qualidade, como pontualidade, regularidade, segurança, idade da frota e satisfação do usuário.
O edital é resultado de um amplo processo de construção iniciado em 2021, que incluiu consultas públicas, duas rodadas de audiências e análises técnicas. A versão atual consolida as contribuições retiradas de 11 audiências realizadas apenas em 2024 e de consultas anteriores.
O processo anterior, aberto em 2021 e retomado em 2023, acabou suspenso após questionamentos e ajustes na modelagem. Com a definição das novas datas e a condução técnica pela B3, a prefeitura afirma ter confiança de que, desta vez, o processo será concluído e o novo sistema poderá entrar em operação ao longo de 2026. Depois da assinatura da concessão, as empresas vencedoras terão 180 dias para iniciar a operação.




