Unicamp quer tornar a internet 5G mais rápida e segura; saiba como

No Smartness Studio 5G, dispositivos usam SIM Card exclusivo para operações do laboratório (Foto: Kevin Kamada/CBN Campinas)

Pegue o seu celular. Do lado do indicador de bateria, você provavelmente vê o nível de sinal, e uma combinação de uma letra e um número. 

Se você vê 4G, por exemplo, você está usando a “quarta geração” da tecnologia de internet móvel.  

Ela é boa, mas não tanto quanto o 5G, que foi lançado em 2020, e muitos celulares também já conseguem conectá-lo. 

Ter um aparelho com 5G garante que você acessa a velocidade mais rápida para enviar mensagens, assistir vídeos, postar fotos. Assim como o wi-fi, o 5G é um sinal de ondas eletromagnéticas, pelo ar. 

Se fosse uma corrida, o carro do 5G corre mais rápido do que o do 4G, que é mais veloz que o 3G, e assim por diante. 

Mas essa internet tão rápida pode ser usada para a área de saúde. Imagine, por exemplo, se um médico altamente especialista pudesse usar um robô para fazer uma cirurgia em outra pessoa, a milhares de quilômetros de distância? 

Esta já é uma realidade, que só é possível graças a pesquisadores que buscam garantir que essa internet seja estável e segura. 

É exatamente o que acontece em locais como o novo laboratório Smartness Studio 5G, inaugurado na quarta-feira (3) na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

A grande diferença é que, aqui, os pesquisadores podem usar uma rede 5G que só está disponível para os próprios pesquisadores. O objetivo é realizar todo tipo de teste, desde um robô de controle remoto até mesmo a simulação de uma cirurgia. 

Esse espaço nasceu com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Duas multinacionais de tecnologia forneceram a infraestrutura, para a transmissão local do sinal de internet. 

O vice-presidente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Ericsson, Edivaldo Santos, nos explica que o laboratório Smartness proporciona um ambiente seguro para o desenvolvimento de novas tecnologias

“A sociedade depende e confia cada vez mais nas telecomunicações para propiciar qualidade de vida. Então o 5G faz o uso do estado da arte quando a gente fala de segurança cibernética no nascimento. E no caso do 6G não vai ser diferente. A gente tem os melhores especialistas do mundo trabalhando para ter a segurança de rede para que elas sejam robustas e confiáveis”, explica.

Que o 5G é um tipo de internet muito rápida, isso nós já sabemos. Mas aqui na Unicamp, os pesquisadores tentam vencer um adversário chamado “latência”.

Este é o termo técnico para o tempo de entrega da informação, da origem até o destino. Hoje, a conexão 5G permite que isso aconteça em 1 ms (milissegundo).

Se voltarmos ao exemplo das corridas, é como se numa pista reta, o carro do 5G conseguisse chegar do começo ao fim em um milissegundo, independentemente da quantidade de carga que esteja levando (vídeos, textos, fotos). 

Mas dá para melhorar. Quem nos ajuda a entender é o doutorando em Engenharia da Computação, Arthur Simas, da FEEC/Unicamp

“Então imagina: você tem diversos dispositivos IOT (internet das coisas) na sua residência. A campainha, a cortina, diversos dispositivos conectados na rede, hoje em dia no wi-fi. Imagine que num futuro você possa conectar essa rede de dispositivos inteligentes direto na rede celular. Você consegue permitir que mais casos de uso existam a partir dessa conectividade diretamente à rede da operadora ou da rede móvel. E você também acaba entrando na parte de redes veiculares. Imagina carros autônomos: se ele não tem conectividade, ele fica à mercê, basicamente, dos sensores dele”, exemplifica.

Arthur ressalta que a criação de laboratórios como este, na Unicamp, reafirma a missão da universidade pública em criar inovações que sejam acessíveis para todos os públicos

O estímulo para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, dentro do Brasil, pode ajudar com que, no futuro, os aparelhos fabricados para essa tecnologia também sejam mais baratos por aqui.

“Mas quando a tecnologia se consolida, a tendência é que barateie. Você já tem todos os padrões bem estabelecidos, então o processo de fabricação, pesquisa e tudo mais vão se barateando. Você dilui esse custo mas também você tem toda uma cadeia de processos e empresas que interagem entre si e que também poderiam ser impactadas pelo 6G. Então por mais que o consumidor não tenha um poder aquisitivo de comprar um celular para a internet dele ser mais rápida, a empresa que fornece os serviços a ele, seja de Saúde ou numa rodovia, que tudo isso seja conectado”, explica.

O Smartness Studio 5G é o primeiro laboratório do tipo no Hemisfério Sul e recebeu investimentos de R$ 56 milhões

A primeira meta da equipe está no plano de trabalho até 2030, ano em que a tecnologia 6G, que já está em desenvolvimento, deve começar a ser expandida em escala de venda para consumidores finais, como nós. 

Cinco anos podem parecer distantes, mas na velocidade da super internet, é bem possível que eles passem voando… 

Compartilhe!

Pesquisar

Mais recentes

Polícia prende suspeito de golpe do bilhete premiado em Campinas

Notificações escolares de violência crescem quase 10 vezes em Campinas

Vigilância Sanitária e Polícia Civil fecham comércio irregular de suplementos em Americana

PODCASTS

Fale com a gente!

WhatsApp CBN

Participe enviando sua mensagem para a CBN Campinas

Veja também

Reportar um erro

Comunique à equipe do Portal da CBN Campinas, erros de informação, de português ou técnicos encontrados neste texto.