Muitos tem a vontade – e porquê não o sonho – de trabalhar e empreender com o segmento cultural. A chamada ‘economia criativa’ é um amplo e importante cenário da economia, englobando segmentos como espetáculos musicais, de teatro, cinema e conteúdo digital.
A diferença entre este mercado e o tradicional é que os chamados ativos do negócio, não são somente máquinas, equipamentos de informática ou estoque de produtos. O principal combustível destas empresas são as idéias, o intelecto trabalhando a favor de algo onde o investimento inicial, por vezes não é em dinheiro, mas sim em algo maior, sublime: a cultura.
Um dos mais conhecidos companhias circenses do país, os Parlapatões, iniciaram pequenos em 1991 e hoje são referência em pesquisa teatral, vencedores de prêmios e se apresentam em diversas partes do país, além de já terem feito excursões internacionais. A visão empreendedora foi fundamental para o crescimento da empresa, como explicou o diretor Hugo Possolo ao projeto Produção Cultural do Brasil, incentivado pelo Proac.
Em Campinas uma das companhias mais atuantes em teatro é a Galhofas & Dramas que surgiu em 1986 e há 26 anos se mantém na ativa com cerca de 50 espetáculos já montados e atualmente 15 em repertório, rodando boa parte do estado de SP. O começo não foi fácil, as vezes tendo que recorrer ao cheque especial para pagar as contas com cenários e figurinos.
Mas uma palavra recorrente no meio cultural na escolha deste tipo de profissão falou mais alto: a paixão pelo teatro. A carga de impostos do país é algo criticado por vários setores, ainda mais no setor cultural, onde a margem costuma ser pequena e os custos altos. Mas em Campinas, uma situação que movimentou o noticiário da cidade: o fato de Campinas ter passado 11 meses e meio de 2012 sem um único teatro municipal. Como pagar os impostos com a sensação de ele vai retornar pra cidade, sabendo que o governo municipal não mantinha um único palco sequer é algo criticado pelo diretor da Galhofas & Dramas, Pedro Molfi.
O vale cultura, sancionado pela Presidente Dilma Roussef, pode ser avaliado de duas formas: positiva, com o acesso de mais pessoas aos equipamentos culturais e a produção efetiva das artes cênicas, musicais e áudio-visual, como pode também ajudar a perpetuar a idéia de que cultura deve ser cada vez mais subsidiada pelo poder público. Quem não tiver acesso as leis de incentivo, pode acabar ficando refém da cultura gratuita.