Os funcionários do Hospital Ouro Verde, em Campinas, ainda podem entrar em greve. A definição pela paralisação depende principalmente de uma reunião entre o Sindicato dos Médicos do município e o Conselho Regional de Medicina. O motivo do encontro, que acontece nos próximos dias, é a série de denúncias sobre problemas internos, como a falta de materiais básicos, de antibióticos, produtos de limpeza e até de ingredientes para a refeição dos pacientes.
O presidente do Sindimed, Casemiro dos Reis, explica que o Cremesp realizou uma vistoria neste mês para apurar as condições dentro da unidade. O resultado desta avaliação está entre os assuntos que serão discutidos entre as entidades. Durante uma assembleia no último dia 5, os profissionais do hospital decidiram manter o atendimento, mesmo enquanto aguardam as soluções por parte da empresa gestora, a Vitale Saúde. Mas o estado de mobilização está mantido. Eles alegam que o Ouro Verde vive calamidade pública, já que possui diversas carências.
O cardápio dos pacientes, por exemplo, foi limitado a arroz e ovo. Já o fornecimento de materiais ortopédicos foi afetado por falta de pagamento. A regularização dos salários também está entre as reivindicações dos trabalhadores. Eles reclamam do atraso nos vencimentos e sobre desfalques nas equipes médicas. A direção do hospital reconhece que passa por problemas. O diretor administrativo, Hélio Girotto, volta a culpar a sub-rogação de contratos trabalhistas. Ele nega atraso nos pagamentos, diz que as refeições serão reforçadas e promete soluções, mas ainda sem estabelecer prazos.
Enquanto a Vitale e a Prefeitura se acertam sobre pendências relativas a trabalhadores da gestão passada, as denúncias sobre as más condições e o atendimento motivaram um debate público na Câmara de Vereadores. A Organização Social recebe por mês R$ 11 milhões. Anualmente, são 160 mil atendimentos, além de 10 mil cirurgias. Em abril, uma greve foi iniciada pela falta dos acertos trabalhistas, impasse resolvido com intervenção do MPT.