Servidores em cargo de confiança e comissionados da prefeitura de Campinas relataram, a dez dias da eleição, que estavam sendo pressionados pelo governo municipal a fazerem campanha para Márcio França (PSB), atual governador e candidato derrotado ao governo do estado. O ápice da coação teria acontecido em uma reunião realizada na Casa de Portugal, em 16 de outubro.
Segundo os servidores, o prefeito e os representantes do primeiro escalão do governo municipal, liderados pelo secretário de relações institucionais, Wanderley Almeida, pressionaram para que os funcionários públicos aderissem a campanha de França. A reportagem da CBN ouviu alguns servidores que participaram da reunião e que confirmaram as denúncias. Eles não quiseram gravar entrevistas, temendo represálias.
O caso chegou ao conhecimento do juiz da 33ª zona eleitoral de Campinas, Wagner Roby Gidaro. Ele afirma ter encaminhado o caso ao Ministério Público. “Houve uma denúncia mas a Justiça Eleitoral não age de ofício, então isso foi encaminhado ao Ministério Público, que está analisando as providências a serem requeridas. Eu vou aguardar, se houver um pedido ao juizo da 33ª zona, aí vou decidir e verificar o que está sendo pedido”.
O juiz relata que o caso chegou ao conhecimento dele após uma matéria da CBN, e afirmou não ser possível estimar que tipo de punição poderia ser aplicada, uma vez que tudo depende da investigação do MP. “Nós precisamos analisar o que aconteceu, os fatos, então tem de ter uma investigação, eu não posso dizer se há ou não punição, se é ou não um ato regular. O que existe é uma matéria jornalística da CBN que me encaminharam, e eu encaminhei ao Ministério Público, e temos de aguardar a investigação do Ministério Público”.
Dentre outras ações, os servidores ouvidos pela CBN relataram que foram obrigados a disponibilizar os carros deles para a instalação de adesivos com propaganda política de Márcio França (PSB).
O Prefeito Jonas Donizette (PSB), comentou a denúncia, e disse não ver irregularidade no encontro realizado em 16 de outubro. “Eu fiz essa mesma reunião no primeiro turno, reunião fora do horário de expediente. Eu desafio qualquer funcionário a fazer qualquer prova, nós estávamos lá em quase 2 mil pessoas com celulares, redes sociais, eu tenho até dúvida se teve até denúncia de funcionário. Se houver qualquer questionamento, nós responderemos. Aliás, até especialistas ouvidos pela CBN disseram não haver qualquer irregularidade”.
