Três testemunhas de acusação foram ouvidas pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Campinas, Caio Ventosa Chaves, na primeira audiência do processo da 3ª fase da Operação Ouro Verde. Outras duas fizeram o relato por cartas precatórias.
Um dos depoimentos foi o de um médico que atuou no hospital entre 2014 e 2018. Ele detalhou que recebia R$ 13,50 por cada laudo de mamografia e que a empresa GK de Godoy, para qual prestava serviço, cobrava R$ 25 na nota fiscal.
A terceirizada de radiologia pertence a Gustavo Khattar de Godoy, réu que chegou a ser preso em 2018 e responde atualmente em liberdade. Para o advogado dele, Ralph Tórtima Stettinger, o teor da oitiva foi favorável ao cliente.
Mas para o promotor do Gaeco do Ministério Público, Daniel Zulian, as cifras detalhadas pela testemunha, apesar de contraditórias em relação às informações captadas em gravações, corroboram a prática de superfaturamento no esquema.
Outra testemunha disse que Sylvino de Godoy, pai de Gustavo Khattar e dono do Grupo RAC, fez ameaças ao juiz Caio Ventosa Chaves no fim do ano passado, quando policiais foram à casa dele cumprir mandados de busca e prisão.
Sobre isso, o advogado do empresário, Ralph Tórtima, justifica que as afirmações foram feitas em um momento de indignação. Já o promotor Daniel Zulian, preferiu não comentar, alegando se tratar de uma investigação paralela.
Gustavo e Sylvino foram dispensados, mas outros réus foram à Cidade Judiciária. Entre eles, o ex-secretário de Assuntos Jurídicos de Campinas, Silvio Bernardin, acusado de exigir a contratação de três empresas para o hospital.
Preso na mesma fase da operação, no fim de 2018, foi exonerado e também responde em liberdade. Acompanhado da defesa, saiu sem dar entrevista. A Operação Ouro Verde apura o desvio de até R$ 25 milhões em verbas públicas.
