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Ike Turner e o primeiro registro da história do rock

Até quem não acompanha muito o mundo da música já deve ter ouvido falar que Tina Turner foi casada com um homem violento, dominador e que tirou proveito do talento dela. Tudo isso pode ser verdade, mas uma injustiça foi cometida contra Ike Turner. Resumiram uma carreira de mais de 50 anos aos problemas pessoais e de comportamento, quando ela foi mais do que isso.

Ike Turner morreu com 76 anos em dezembro de 2007, e por ironia, foi nesse mesmo ano que ele teve um disco premiado com o Grammy de melhor blues tradicional. Esse foi o ponto alto da carreira solo que ele tinha retomado com outro disco de inéditas em 2001. A agenda com shows em diversos países era outro indicativo do bom momento que ele vivia no século 21, e isso, com certeza, foi um alívio para o homem que passou parte dos anos 80 e 90 tentando se livrar do vício em cocaína ou na cadeia.

Piano e guitarra eram os instrumentos que Ike Turner tocava, mas o trabalho dele nas sessões de gravação ia além. Ele fazia arranjos e produzia, e tudo isso desde muito cedo, pois foi no final da década de 40 que ele montou o grupo The Kings Of Rhythm. E foi justamente com esses músicos acompanhando o cantor e saxofonista Jackie Brenston que Ike Turner participou do que é considerado por muitos pesquisadores o primeiro rock and roll da história.

Rocket 88 foi gravada em março de 1951 e marcou bem como foram os anos 50 para Ike Turner. Ele lançava alguns compactos, mas cantava pouco, já que a função era dividida entre os músicos do The Kings Of Rhythm. Acompanhar cantores de blues nos shows e tocar nas gravações em estúdio estavam entre as principais atividades. E quando a década de 50 estava quase acabando Ike encontrou a mulher que daria voz as suas composições.

Durante apresentações de Ike em um bar, Tina Turner insistiu até conseguir um teste. Quando teve a oportunidade de mostrar a voz, tomou conta do microfone. A partir daí a dupla teria vários nomes, sempre com Tina aparecendo com destaque. Enquanto a presença de palco da agora esposa chamava a atenção de público e mídia, o repertório escolhido por Ike não tinha o mesmo impacto. Foram dezenas de regravações até com sucesso, mas faltavam composições próprias marcantes. E não foi por falta de experimentar, pois ele adicionou elementos de soul e funk ao rock.

A separação de Ike e Tina aconteceu em 1976. O período de dezoito anos que passaram juntos foi mais tarde detalhado em um livro em que Tina conta que apanhou várias vezes. Embora Ike tenha admitido o uso de violência contra a ex-mulher, ele sempre negou a quantidade e intensidade relatadas. Em 1991 a dupla foi eternizada no Hall da Fama do Museu do Rock and Roll. Ike não foi a cerimônia porque estava preso.

 

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Produção

Walmir Bortoletto

Edição

Paulo Girardi

 

 

 

 

 

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