O estado de São Paulo registrou 154 casos de feminicídio entre janeiro e novembro de 2019. O número é um recorde absoluto desse tipo de crime contra as mulheres, superando os 134 crimes do gênero em todo o ano de 2018. Por definição, o feminicídio é o assassinato decorrente da condição de mulher da vítima. Em 79% dos casos, o autor do crime é conhecido, na grande maioria companheiros e ex-companheiros das vítimas. A motivação, geralmente está relacionada a ciúme ou vingança após separação do casal.
Em 68% das ocorrências, o crime ocorre dentro da casa da vítima. De acordo com a presidente do sindicato dos delegados de polícia do estado de São Paulo, Raquel Gallinati, a lei brasileira que trata desse tipo de crime é rigorosa, mas nem tanto. Ela entende que o país ainda tem muito que aprender com o sistema judiciário de outros lugares.“O rigor nas leis aqui no Brasil, ele existe, mas não é comparado com outros países. De acordo com o país, existe sim a tolerância zero com o crime. Nos EUA por exemplo, até mesmo crimes de trânsito contam com tolerância zero. Aí nós estamos reportando que há culturas diversas para a tolerância de um crime”, afirma.
Desde 2015, quando os homicídios motivados pelo simples fato da vítima ser mulher começaram a ser contabilizados, os números sobem todos os anos. Para se ter uma ideia, em 2019, crimes igualmente violentos, como homicídios e latrocínios tiveram redução significativa, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública. Por outro lado, o estupro, que também atinge as mulheres, cresceu 4% entre janeiro e novembro de 2019, em comparação com o ano anterior.