A divulgação feita pelo presidente Jair Bolsonaro elevou a venda da hidroxicloroquina em 53,03% no primeiro trimestre em São Paulo. Outros medicamentos e vitaminas também tiveram aumento durante a pandemia.
Os dados foram captados através de uma consultoria, a pedido dos conselhos regionais de farmácia, que sentiram a mudança no comportamento do consumidor e se preocupam com os efeitos colaterais do uso desmedido.
No caso da substância defendida por Bolsonaro, por exemplo, o presidente do Conselho Regional de Farmácias de São Paulo, Marcos Machado, explica que a Anvisa precisou exigir a retenção da receita para frear o consumo no País.
“Agora estabilizou e não há mais uma procura desenfreada, como aconteceu antes. A procura alta foi muito em função da questão do uso de forma inadequada na televisão, aparecendo através do presidente”, opina ele.
A hidroxicloroquina é indicada para tratar doenças como o lúpus eritematoso, mas não possui evidências representativas contra a covid-19 e pode causar problemas na visão, convulsões, alergias graves, arritmias e até parada cardíaca.
Mas há outras preocupações, mesmo envolvendo remédios mais comuns e com usos que não exigem prescrição médica, e a orientação dos farmacêuticos é necessária porque o consumo exacerbado pode sim ocasionar problemas.
Por isso o presidente do Conselho Regional de São Paulo, Marcos Machado, cita como exemplo a dipirona, com aumento de 51%, que pode ter reflexos negativos, mesmo sendo um produto considerado de uso comum e diário.
“A dipirona é um medicamento muito conhecido e seguro pra utilização, mas não pode passar de 4 gramas de uso por dia. E não se deve consumir a dipirona achando que vai combater todos os problemas ligados à covid-19”, define.
Outros medicamentos e vitaminas que tiveram procura alta durante o surto de coronavírus são o ácido ascórbico, vitamina C, que foi associado por fake news à prevenção da doença e que teve um crescimento de 198,23% em São Paulo.
O paracetamol teve 83,56% a mais na comercialização e o colecalciferol, vitamina D, teve avanço de 23,74. O ibuprofeno, que por um período foi relacionado ao agravamento da doença, teve uma queda nas vendas de 2,95%.