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Guerra em sindicato revela fragilidade de entidades

Motoristas em manifestação por reposição salarial em Paulínia

Desde que a reforma trabalhista passou a vigorar, em 2017, o número de trabalhadores sindicalizados no Brasil reduziu consideravelmente, com uma redução de 21%, segundo dados do IBGE. Até então, todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, eram obrigados a pagar, uma vez por ano, uma contribuição ao sindicato de sua respectiva categoria profissional. Com a mudança legislativa, essa obrigatoriedade foi derrubada.

A queda no número de sindicalizados já vinha ocorrendo desde 2014, mas foi em 2018 que ela ocorreu de modo mais expressivo, Foram 1,5 milhão de trabalhadores cancelaram a adesão ao sindicato naquele ano. Em 2017, quando ocorreu a reforma trabalhista, houve redução de 432 mil sindicalizados no país.

A economista Eliane Rosandiski, do Observatório da PUC-Campinas, apesar de haver um entendimento geral de o trabalhador economiza algum dinheiro com o fim da contribuição, a categoria se enfraquece na busca por direitos e melhorias. “Nós podemos ter aí uma situação em que o trabalhador está perdendo representatividade. De fato. Porque cada vez menos pessoas fazendo a contribuição, não sendo afiliadas e tudo mais, faz com que a voz deste sindicato esteja associada a uma minoria. Ainda que a atuação do sindicato seja para a categoria como um todo”, explica.

O reflexo já pode ser percebido nos sindicatos locais. Em Campinas, um exemplo é o sindicato dos motoristas, responsável pela condução de greves históricas na cidade. Hoje, a entidade está dividida e a diretoria trava uma verdadeira batalha na justiça. O vice-presidente do sindicato, Izael de Almeida, obteve uma decisão favorável e a atual presidência foi afastada. Segundo ele, a diretoria se beneficiou da entidade, com gestão fraudulenta das contas e consequentemente tirando direitos dos trabalhadores.

“Fizeram acordos e convenções pelegas, onde tiraram benefícios líquidos e certos do trabalhador, desvio do dinheiro do sindicato, vidas de reis, vida de ricos, de ostentação por parte do tesoureiro, do presidente e do secretário geral que mora em apartamento em área nobre. Enfim, entre outras farras do boi”, acusou.

O presidente do sindicato, Matuzalém de Lima, negou todas as acusações e disse que ainda não foi notificado da decisão judicial, mas que vai recorrer. Ele afirma que o vice-presidente vem usando politicamente o sindicato. “Eu não tenho conhecimento desta liminar ainda, mas vamos recorrer e vamos provar a nossa inocência porque nós só queremos trabalhar e trabalhar para o trabalhador. É o que nós fazemos e é o que o companheiro (Izael) não faz. Ele foi candidato por cinco vezes, não se elegeu e agora quer usar a categoria como massa de manobra”, afirma.

O IBGE destacou que todas as grandes regiões do país tiveram redução do número de sindicalizados entre 2018 e 2019. Em números absolutos, a região sudeste foi a que mais perdeu sindicalizados. Foram 354 mil a menos do que o registrado em 2018.

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