Ouça ao vivo

Preço do arroz dispara e assusta consumidores

O preço do arroz, um dos principais itens da cesta de alimentos do brasileiro, disparou, deixando consumidores em choque com os valores cobrados nos supermercados. Em Campinas, antes da pandemia, o pacote de cinco quilos era encontrado nas prateleiras numa faixa perto dos R$ 15. Agora o valor cobrado chega próximo aos R$ 25.

A alta do produto vem num momento de dificuldade econômica enfrentado pelo brasileiro em consequência da pandemia. Nos últimos meses, muita gente perdeu o emprego ou teve o salário reduzido. Além disso, as aulas ainda estão suspensas e uma parcela importante dos trabalhadores passou a atuar em home office. Consequentemente, as famílias passaram a ficar mais tempo em casa, consumindo uma quantidade maior dos alimentos da cesta básica, entre eles o arroz.

Quem vai ao supermercado leva um choque ao ver o preço do produto. O motorista Luís Francisco disse que não consegue entender o que está acontecendo, já que nunca viu um produto ficar mais caro em tão pouco tempo. “Olha o preço do arroz que absurdo que está. Não estou realmente entendendo o que está acontecendo. É difícil e preocupante. Para manter a cesta básica está difícil”, afirma. A aposentada Nair Santos Luciano disse que terá de reduzir o consumo para que a compra caiba no orçamento. “Tanto que a gente compra até menos, para poder controlar a despesa, né? Porque não é só o arroz, tudo, acho que no geral, tudo subiu”, disse.

Mas será que reduzir o consumo de arroz seria a solução para o problema? O produto é uma das principais fontes de carboidratos e é rico em fósforo, ferro e potássio. A nutricionista Raquel Pupo Murari explica que as pessoas podem substituir o grão na dieta pelos tubérculos, sem que haja qualquer tipo de deficit calórico ou de nutrientes. “O arroz pode ser substituído por qualquer tipo de tubérculo: batata, mandioquinha, inhame. Esses alimentos são fontes de carboidratos, contém excelente quantidade de fibras, vitaminas e minerais. Em termos nutricionais, não deixaria a alimentação com deficit, nem calórico e nem de micronutrientes”, explica.

A Associação Brasileira da Indústria do Arroz divulgou em seu portal uma nota esclarecendo os motivos da alta do produto. Segundo a entidade, a alta acontece por causa de um aumento significativo da demanda no mercado externo, o que somado a restrição da oferta por alguns países exportadores, com objetivo de assegurar o abastecimento interno durante a pandemia, ocasionou a valorização do grão.

O economista do Observatório da PUC-Campinas, Paulo Oliveira, explica que países que são grandes exportadores de arroz, como a Índia e o Vietnã, que representam mais de um terço do consumo global, deixam de exportar para priorizar o mercado interno. Com a desvalorização do real frente ao dólar, o produto brasileiro fica bem atrativo ao mercado externo, que busca alternativas para suprir suas necessidades. O professor Paulo Oliveira afirma que deste modo a disponibilidade do produto é menor do que a demanda, o que faz com que os preços disparem. “Alguns países, colocando algumas restrições às exportações, para garantir o abastecimento interno, você tem uma falta do produto no mercado internacional. Isso por si só seriam uma razão para que os preços se elevassem. Junta-se a isso, no caso brasileiro atual, uma taxa de câmbio alta, faz com que na perspectiva dos compradores externos, o nosso arroz esteja barato”, explica.

Entre os maiores exportadores do mundo estão a Índia, que representa 31% das exportações globais. Em seguida estão a Tailândia, os Estados Unidos e o Vietnã. O Brasil é responsável por pouco mais de 1% das exportações do produto.

Compartilhe!

Pesquisar

PODCASTS

Mais recentes

Fale com a gente!

WhatsApp CBN

Participe enviando sua mensagem para a CBN Campinas

Veja também

Reportar um erro

Comunique à equipe do Portal da CBN Campinas, erros de informação, de português ou técnicos encontrados neste texto.