O decreto que permite a retomada gradual dos eventos culturais em Campinas publicado no Diário Oficial desta quinta-feira, 03, pegou de surpresa os empresários do setor. Grande parte deles não esperava a autorização e precisarão de alguns dias para se adaptarem a nova realidade, antes da reabertura. O decreto passa a ter validade nesta sexta-feira e todo o setor de eventos está autorizado a funcionar, desde que o público esteja sentado. Deste modo, shows e festas em boates, por exemplo, seguem proibidos.
Cinemas e teatros poderão reabrir, com um público máximo de 40% da capacidade total e todos os protocolos de segurança devem ser seguidos. Os ingressos devem ser vendidos antecipadamente, os lugares deverão ser marcados, não poderá haver formação de filas na entrada e saída e todo o público terá a temperatura medida antes do início das atividades. Assim sendo, os representantes das salas de cinemas e teatros de Campinas preferem se preparar melhor e abrir somente quando tiverem condições de receber o público com segurança.
O diretor do Teatro Oficina do Estudante Iguatemi, Douglas Nascimento, afirma que deve manter o cronograma estabelecido pelo local, que tinha previsão de reabertura somente em outubro. Ele afirma que seguirá avaliando a política municipal relacionada a pandemia para ver se há a possibilidade de antecipar ou mesmo adiar a reabertura. “Nós acompanhamos o anúncio do prefeito sobre a reabertura do teatro e dos cinemas. Nesses próximos dias nós vamos reorganizar a programação, reorganizar nosso protocolo de segurança. Nossa previsão de reabertura é em outubro. Nós não temos uma data ainda. Nós podemos antecipar ou adiar essa reabertura”, afirmou.
Responsável pela rede Top Cineplex em Campinas e Paulínia, Marcelo Dias, disse que há uma preocupação grande em atender a todas as determinações do estado, para garantir a segurança do público durante a exibição de filmes. Por isso, ele decidiu permanecer fechado por mais alguns dias para fazer todas as adequações necessárias e reabrir, provavelmente, no dia 10 deste mês. “Vamos adotar todos os protocolos de segurança, com álcool gel em todos os setores, nossos colaboradores estarão com máscaras e face shield e também o distanciamento com as demarcações nas filas de atendimento. Dentro das salas, vamos aumentar o intervalo das sessões para a higienização total de todas as poltronas”, explicou.
O processo de retomada cultural em Campinas, embora tenha surpreendido o setor, foi bem avaliado pelos profissionais da área. Mas o fato é que ainda há muito o que avançar. O jornalista e produtor cultural da Cia Arte & Manhas, Leonardo Cassano, ainda vê as restrições como uma dificuldade grande, principalmente nas apresentações teatrais. “Essa limitação de 40% já é um avanço, bem significativo, mas ao mesmo tempo impede a realização de eventos de médio porte. (Isso interfere nas produções) Por conta da relação ingresso, bilheteria, remuneração, custos e tudo mais. Mas já é uma progressão e uma luz no fim do túnel”, acredita.
O secretário de cultura de Campinas, Ney Carrasco disse que o poder público vem conversando com o setor desde o início da pandemia, mas reconhece que não houve uma antecipação sobre a publicação do decreto. De todo modo, ele ressalta que tudo que está acontecendo agora já estava previsto no Plano SP. “Durante este período todo nós temos conversado com vários setores que nos procuraram, né? E de fato não houve uma chamada para todos. Mas tudo isso já estava previsto no protocolo do estado, né”, explica. Além de cinemas e teatros, o decreto permite a reabertura de outros eventos culturais, como museus e exposições, além da realização de eventos em que os participantes fiquem sentados.
