O cronograma para o inicio da vacinação contra a Covid-19 em São Paulo, recém divulgado pelo Governador João Dória, é precipitado, inadequado e preocupante. A afirmação é da médica infectologista da Unicamp, Rachel Stucchi, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Pelo cronograma, a previsão do inicio da vacinação é 25 de janeiro, data em que é celebrado o aniversário da capital paulista. Apesar da data já pré-estabelecida, o Estado detalhou apenas a primeira fase da imunização, que atenderá profissionais da saúde, indígenas, quilombolas e idosos com mais de 60 anos. A estimativa é que 13 milhões de pessoas sejam imunizada em um período de nove semanas.
Para a infectologista da Unicamp, Rachel Stucchi, a medida adotada pelo Governador, é precipitada, pois o uso emergencial da vacina CoronaVac, feita através da parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, ainda não foi aprovado pela Anvisa. A medida é também inadequada, pois, na visão da infectologista o Estado estaria pressionando a agencia regulatória. Para ela o cronograma estabelecido pelo governador é preocupante.
A infectologista da Unicamp, Raquel Stucchi, lembra que á Anvisa é um órgão apartidário e deve ser isento de pressões. Para ela, a estratégia desta vez do Governador em colocar o Estado de São Paulo como protagonista da vacinação contra a Covid-19 é também muito arriscada, pois, não existe ainda nem a documentação para o uso emergencial da CoronaVac.
O uso emergencial de uma vacina é pedido e autorizado pelas agencias reguladoras para ser aplicado em grupos específicos da população de maior risco. O uso emergencial é restrito também a rede publica. A rede privada só poderá ter acesso quando a vacina estiver liberada.
Vale lembrar que no caso das vacinas contra a Covid-19 em todo o mundo, por enquanto, os pedidos são para uso emergencial. O Reino Unido e Rússia já iniciaram a campanha de vacinação.