A retirada da operação da montadora Ford no Brasil pode trazer reflexos negativos para todo o país, inclusive para a Região Metropolitana de Campinas. A afirmação é do professor de economia da PUC-Campinas, Izaías de Carvalho Borges, que explica que a cadeia de produção do setor automotivo é muito grande e está presente em quase todos os estados brasileiros. A montadora anunciou, no último dia 11, o fechamento de suas fábricas no Brasil, como parte do plano de reestruturação da empresa na América do Sul. A assessoria de imprensa da Ford confirmou que serão encerradas as operações nas plantas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller (em Horizonte, CE) ainda em 2021. Também informou que as vendas dos modelos Ka, EcoSport e do Troller T4 serão interrompidas quando acabarem os estoques dos veículos.
Deste modo, empresas de outras regiões que forneciam peças e outros insumos para a produção de veículos também sentirão na pele o fim das atividades da montadora no país. As concessionárias também poderão arcar com as consequências. Em Campinas, uma grande concessionária da Ford na Avenida John Boyd Dunlop fechou e dará lugar a um supermercado. A reportagem da CBN apurou junto a Grupo Tempo, que a mudança não está relacionada ao fechamento da Ford no Brasil. A concessionária FORD/Tempo instalada na John Boyd Dunlop vai ser transferida para o mesmo endereço onde funciona a FIAT/Tempo, no Swift. Inclusive uma nova estrutura está sendo construída para abrigar a concessionária. Segundo a informação, os trabalhos tiveram início em novembro de 2020, antes, porém, do pronunciamento da montadora.
Para o professor Izaías de Carvalho Borges, o fechamento de uma fábrica do porte da Ford, acaba refletindo em toda a cadeia produtiva do setor, que está presente em todo o país. “A indústria automobilística, como eu disse, ela tem uma cadeia produtiva muito extensa, muito densa. Hoje, serviços têm uma importância muito grande, não só em Campinas, mas na economia brasileira como um todo, em termos de geração de emprego. Os serviços costumam ser mais intensivos na geração de emprego do que a própria indústria. Então uma das consequências, que pode afetar todas as regiões do Brasil, se dá em função disso. Porque você tem as concessionárias espalhadas pelo país todo”, afirma. Com a decisão, a Ford disse que vai demitir 5 mil funcionários no Brasil e também na Argentina. A Empresa não especificou quantas demissões serão feitas em cada país, mas afirmou que os brasileiros respondem pela maior parte dos desligamentos.
