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Maio Amarelo 02: motociclistas são as principais vítimas

Nesta semana, o repórter Henrique Bueno traz uma série especial de reportagens sobre o Maio Amarelo. 

O trânsito de uma metrópole, como Campinas, pode ser encarado de muitas formas, mas é notório que cada vez mais ganha status de uma guerra, travada entre motociclistas e motoristas de outros veículos. E neste cenário, a categoria que anda sob duas rodas, claramente está em desvantagem. Em um acidente de trânsito envolvendo um carro e uma moto, por exemplo, fatalmente será o motociclista que vai precisar de atendimento médico. É o que aponta o Boletim Epidemiológico de Óbitos por Acidente de Trânsito, divulgado pela secretaria de saúde de Campinas, referente às mortes registradas no ano passado.

Do total de 123 óbitos no trânsito, 46 se referem a motociclistas, sendo o grupo com o maior índice desse tipo de ocorrência no município. Em comparação, as vítimas fatais que estavam em carros, totalizaram 20, menos da metade entre aqueles que pilotavam uma moto. E quando se ouve os dois lados, fica clara a sensação de que há uma guerra no trânsito. Os motoristas de automóveis não poupam palavras para dizer o quanto os motociclistas são irresponsáveis nas ruas. “Tem que dirigir por você e pelos outros. Porque toda hora é um susto”, disse um motorista de carro. Já os motociclistas apontam que os condutores de carros não demonstram nenhum respeito ao dirigir. “O motorista ou não olha o ponto cego, ou é ruim de volante mesmo. O motociclista tem que ter mais atenção ainda, porque (geralmente) o motorista está no celular”, afirmou um motoboy.

E nessa batalha, o motociclista está muito mais vulnerável. Basicamente, o único equipamento de proteção desses condutores é o capacete, o que deixa o resto de seu corpo totalmente exposto. O resultado disso são as salas de emergências dos hospitais cheias, com pacientes com traumas e fraturas, que muitas vezes levam à morte. O chefe da ortopedia e diretor clínico do Hospital da PUC-Campinas, Carlos Mattos, reafirma que motociclistas são as principais vítimas do trânsito na cidade.

Quem imagina que pela pandemia e consequentemente pelas restrições impostas pelo estado, a acidentalidade em vias urbanas diminuiu, se enganou. Neste período houve uma explosão do delivery e a categoria de entregadores que utilizam motos, não parou um dia sequer. O reflexo disso, segundo o dr. Carlos Mattos, foi um aumento de acidentes na mesma proporção e muitos casos graves no pronto socorro do hospital. “Durante a pandemia, apesar de ter certo isolamento social e diminuição (de fluxo de pessoas nas ruas), houve um aumento de cerca de 50% dos atendimentos de motociclistas. Então os acidentes de trânsito continuaram apesar das medidas de restrição. E dependendo da fase (do Plano SP), a fase que teve mais isolamento é a que teve mais acidentes de moto”, explica.

Porém, essa sensação de que há uma guerra no trânsito, principalmente nos grandes centros, é ilusória. O piloto de testes e consultor automotivo do Estúdio CBN, César Urnhani, afirma que boa parte dos condutores brasileiros, seja de automóveis ou de motocicletas, são responsáveis e cordiais no trânsito. Segundo ele, o que acontece é que existe um perfil de pessoas que mantém um comportamento agressivo na vida e que acaba levando isso para trânsito. “O problema não é o motorista de carro e nem o piloto da moto. Na verdade é um perfil de comportamento de algumas pessoas, que é minoria, que se estiver dirigindo um caminhão vai ser agressivo, que se for um pedestre, ele acha que tem direito”, afirma.

O fato é, que sem respeito, todos saem prejudicados. Campanhas como o Maio Amarelo buscam conscientizar motoristas de automóveis e pilotos de motos de que não há uma guerra nas pistas e que o objetivo primordial é que não haja mortes no trânsito. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a campanha, pode acessar o site do Observatório Nacional de Segurança Viária. Se conscientize, ajude a preservar vidas e pilote sua moto com segurança e liberdade!

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