A pandemia gerou impacto no acesso ao diagnóstico precoce do câncer em mulheres na região de Campinas, com um atraso de 70% nos tratamentos. Os dados foram apresentados durante um encontro online promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP) – Regional Sorocaba, nesta sexta-feira, data que marca o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. Márcia Camargo é sobrevivente do câncer de mama e criadora do Grupo Rosa e Amor, que atende mais de 500 mulheres com câncer e seus familiares na região de Campinas.
Ela explica que esse impacto ocorreu por motivos que vão desde o medo de frequentar clínicas médicas, passando por fechamentos de centros de mamografia, além de cirurgias e terapias oncológicas que foram suspensas. “Não só o câncer de mama, mas todos os tipos, como útero e ovário, estão com difícil acesso”, diz Márcia.
Entre as alternativas apontadas por Márcia para minimizar os efeitos da pandemia na qualidade de vida das pacientes está o monitoramento on-line feito pela equipe durante o período e o diálogo com o poder público. “Estamos realizando reuniões para solicitar estratégias que facilitem o tratamento, porque já estamos recebendo mulheres com metástase”, explica Márcia.
Outra participante do encontro online foi Nathália Franco de Godoy Pereira, médica ginecologista e obstetra, que destacou a rotina ginecológica como fundamental para o diagnóstico precoce do câncer em mulheres. Ela explica que as visitas precisam ser anuais, quando o médico deverá investigar possíveis situações de risco para o câncer. “Hábitos de vida da mulher, ciclo menstrual, entre outros temas… O ginecologista acaba sendo o clínico geral da mulher”, explica Nathália. A presidente do Grupo Rosa e Amor apresentou ainda dados nacionais que apontam uma redução de 49,1% no volume de mamografias e 39,1% de biópsias.
