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Refugiados enfrentam situação dramática na pandemia

Foto: Danilo Braga

A pandemia intensificou as dificuldades de imigrantes e refugiados no Brasil. Pela ausência de cuidados e informação, muitos não conseguem ter acesso a direitos básicos. De acordo com Carolina Galib, Professora de Direito Internacional da PUC-Campinas e advogada,  direitos em relação à saúde, educação e trabalho estão ainda mais negligenciados , em especial aos refugiados, mas atinge todos os imigrantes. “Sofrendo temor de perseguição, eles acabam ainda mais vulneráveis do que os que voluntariamente resolvem deixar o pais de origem”.

Dados da Agência para Refugiados da ONU apontam que o número de pessoas que foram forçadas a deixarem suas casas devido a perseguições, conflitos e violações dos direitos humanos chegou a 80 milhões em 2020.  Mas, a pandemia tem dificultado romper as fronteiras. Uma situação, segundo Carolina, que tem sido criticada até pela ONU.

Ela cita ainda a suspensão das atividades da Polícia Federal, por causa da pandemia, o que tem prejudicado até o atendimento de saúde e acesso ao auxílio emergencial para essas pessoas . “Com medo de serem deportados pela situação irregular, não buscam nem atendimento de saúde e ainda existe muita dificuldade ao saque do auxílio emergencial para aqueles que estão indocumentados”.

Abud Basset, de 31 anos, veio da Síria para o Brasil em 2014.  Ele estudava administração de empresas e tinha uma situação estável  no país de origem, mas precisou fugir da Guerra Civil na Síria, que já dura 10 anos. A escolha pelo Brasil ocorreu quando ele soube do visto humanitário para o povo sírio. A adaptação foi difícil e hoje ele lamenta a intensificação dos problemas para os imigrantes, com a pandemia. “Cheguei ao Brasil em fevereiro de 2014, sem saber falar uma palavra em português. Foi muito difícil pra mim”.

Abud conta que, por causa da falta de oportunidades, muitos  imigrantes e refugiados dependem do trabalho informal, que, com a pandemia, deixou de dar retorno. “Muitos refugiados em trabalho informal estão sofrendo muito nesta pandemia. Muitos foram morar nas ruas por não conseguir mais pagar o aluguel, ou foram para ocupações”.

Para ele, a pandemia intensificou as desigualdades sociais e financeiras. “É mentira quem fala que a pandemia prejudicou a todos igualmente. Enquanto têm pessoas que garantiram seu trabalho em home office, reserva no banco, seguro de saúde, mostra que não estamos todos no mesmo barco”. A brusca transferência para as atividades no sistema online ampliou ainda mais a dificuldade deste grupo de pessoas, sem acesso a computadores e planos de internet.

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