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Volta do Talibã no Afeganistão fortalece China e Rússia

Foto: Reprodução

Para o professor doutor Paulo Pinto, docente de Antropologia da Universidade Federal Fluminense e coordenador do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos do Oriente Médio, o novo desenho geopolítico pós-retorno do Talibã ao controle do Afeganistão reforça os papéis de China e Rússia.

De acordo com ele, os dois países, que estão bem próximos do território afegão, possuem interesses estratégicos e disputam a região com os Estados Unidos, que retiraram suas tropas do local. Moscou e Pequim, inclusive, já iniciaram um diálogo com representantes do movimento fundamentalista.

“Os americanos têm interesse e estão longe. China e Rússia estão ao lado. Então, já ocorreram aberturas de possíveis negociações políticas e diplomáticas. Isso foi feito pelos próprios americanos no governo Trump, para que os talibãs participassem de um governo após a retirada das tropas”, diz.

Além dos interesses econômicos, a China teria esperança ainda de extrair cobre do país vizinho e de evitar que grupos islâmicos ganhem força na região de Xinjiang, no oeste chinês. Já a intenção da Rússia oficialmente seria se proteger contra o terrorismo em países aliados e no próprio território.

Neste contexto, há ainda uma relação histórica dos russos com o Afeganistão, principalmente por conta da ocupação soviética entre os anos 70 e 80, e também, segundo o doutor e antropólogo Paulo Pinto, uma preocupação crescente com a possibilidade de uma nova crise humanitária e migratória.

“A questão é que ninguém tem interesse em um colapso total do Afeganistão, o que geraria ondas de milhões de refugiados para os países limítrofes. Isso sem falar nas plantações de papoula e no tráfico de ópio e heroína que tem o país como centro, porque o controle disso já é difícil”, finaliza.

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