É inegável que grande parte do Centro de Campinas está degradado e precisa de um projeto de revitalização mais amplo, capaz de atrair a atenção das pessoas. Mas também é fato que existem áreas que passam desapercebidas e que poderiam ser um ponto de partida para a ocupação dos espaços públicos. Um desses locais é o Edifício Itatiaia, residencial que fica na Rua Irmã Serafina, em frente a Praça Carlos Gomes, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
A estrutura foi erguida entre os anos de 1953 e 1957 e é apontada como um exemplar típico da arquitetura moderna do início da década de 60. Porém, o grande atrativo do edifício pode ser visto nos fundos da estrutura, com acesso pela Rua Coronel Rodovalho. Ali, é possível ver de perto a estrutura ondulada, bem característica nas obras de Niemeyer. O arquiteto brasileiro é apontado como uma figura-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Ele se tornou conhecido por obras como os edifícios cívicos de Brasília, além de sua colaboração no projeto da sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Niemeyer tem obras muito reconhecidas por todo o Brasil, como o Conjunto Arqutetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, o Conjunto do Ibirapuera e o Copan, em São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Viver no edifício projetado pelo arquiteto em Campinas é motivo de orgulho. Daniela mora no local desde 2014 e a identificação com o Itatiaia foi instantânea. “Quando eu entrei no Itatiaia eu me apaixonei. Com a luminosidade, é muito especial. Dá uma sensação de estar numa casa da árvore, meio que espacial (risos). E fora o Centro. Eu sou muito apaixonada e acho que eu nunca mais vou sair do Centro”, descreve. Fábio conhece a história do Edifício Itatiaia desde 2003 e há pouco tempo realizou o sonho de comprar um apartamento no prédio projetado por Oscar Niemeyer. Ele revela que a sensação de morar no local remete ao passado. “É muito gostoso morar aqui, porque você se sente transportado para uma outra época, né? O edifício é diferente, o apartamento é diferente, a iluminação é diferente. Os prédios hoje em dia, todos eles são de iluminação artificial e você tem que colocar lâmpadas e as janelas são pequenas e não são arejadas. Aqui o prédio é iluminado (naturalmente) o ano inteiro.
Em abril de 2011, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas tornou o Edifício Itatiaia um bem tombado, sendo considerado parte cultural e social do município. Este foi o único projeto do arquiteto concluído na cidade.
